Preconceito é uma atitude discriminatória que muitos possuem em relação a muitos aspectos da nossa vida. Muitas vezes, o preconceito baseia-se apenas no desconhecimento, na altivez, na pouca vontade que temos para entender aqueles que são diferentes de nós. Não sou excepção.
Um dos maiores preconceitos, para mim, é o racismo. Guerras, atrocidades, humilhações foram cometidas por conta e à conta deste preconceito. A fatal tendência em pensarmos que existem raças humanas distintas, que umas são superiores às outras. Existem muitos exemplos, na história, de indivíduos, de sociedades que tinham a firme convicção que determinadas características físicas implicavam diferentes estilos de personalidade, de comportamentos. Absurdo.
E nos vinhos? Existe preconceito? Claro que existe. Não podemos falar de determinados vinhos, marcas, porque corremos sério risco do nosso bom nome perder credibilidade (não sei bem o que isto quer dizer). Não queremos pensar que, eventualmente, podemos gostar de um vinho sem nome, sem glória, sem história. Nem sequer queremos imaginar que possam existir (bons) vinhos com estes atributos. Na eno-net, voltou-se a falar, outra vez, do impacto que os vinhos de marca branca têm nos consumidores. Muitos dizem que é meramente preconceito afirmar que não prestam. Outros acreditam que são apenas réstias, subprodutos. Que não contam. Depois, quando nos envolvemos na enofilia, temos receio de comprar estes vinhos, de os colocar na mesa, de os oferecer aos amigos. Temos medo de falar deles.
Foi com eno-preconceito (da minha parte) que comprei um vinho do Lidl (superfície comercial conhecida pelos seus produtos de baixo preço. Olhada por uns como um local onde a qualidade deixa muito a desejar. Olhada por outros como a cadeia comercial dos pobres e dos imigrantes). Um italiano que apenas tinha no rótulo a menção: Rosso di Montalcino. Estamos a falar de um vinho que terá vindo da Toscana. A casta mencionada era a sangiovese grosso. O ano do líquido era 2003. Primeira apontamento. Rótulo muito bonito. Sinceramente gostei. Quando verti o líquido no copo, fi-lo com muita desconfiança, de soslaio, a olhar de lado para ele. Preparei-me para uma experiência muito negativa. Relutantemente coloquei o nariz para fazer a minha primeira abordagem. Impressões silvestres, envolvidas por um ambiente terroso, lembrando mato. Presença forte de um ambiente húmido, refrescante, um pouco enigmático. Leve baunilha misturava-se com a fruta cristalizada. Aniz, figos secos rematavam a apresentação inicial. Deixei-o em paz. Tinha o comer ao lume. Descontraídamente voltei a pegar no copo. Este Rosso estava, agora, fresco, floral, soltando sugestões de lavanda, alfazema, violetas. Um interessante nível de complexidade. Não queria acreditar. Um vinho do Lidl? Não podia. Na boca, pareceu-me ter bom prolongamento, com um registo balsâmico, mineral e terroso. Os taninos e a acidez marcavam a prova de forma correcta. Pareciam indicar alguma capacidade de envelhecimento.
Nota Pessoal: 16 (se calhar esta nota está cheia de preconceito).
Post Scriptum: Que me perdoem, mas voltei para comprar outra garrafa. Agora podem-me dizer: "Nunca provaste um verdadeiro e excelente vinho Italiano." É verdade. Se soubessem aquilo que ainda não bebi e que gostava de beber.
Comentários
Largar preconceitos e assumir sem vergonha.. Por isto é que continuo a acreditar mais nos que leio na blogosfera, do que naquilo que vem nos livros e revistas.
Vou experimentar.
Siceramente gostei do vinho Chileno. Bem agradável! Agora acho que os vinhos estrangeiros, a cadeia LIDL, não faz assim preços tão em conta. Já foi mais barato. Quanto aos vinhos Portugueses, é que a porca torce o rabo. Há verdadeiras pechinchas que preconceitos à parte continuo a torcer o nariz. Abráços.
Pingus propõe tu uma prova que a malta anda com vontade de uns desafios :)
Penso que muita gente anda com vontade, e na altura a coisa caiu por terra meio sem se saber porquê.
N.
Boas provas!!
Chapim
1 Abraço
Um abração
Agora não aceito reclamações. :)
Parece que o Pedro Sousa pt lançou a lebre...