Ser confrontado esporadicamente com vinhos diferentes, que andam meio despercebidos, é acontecimento raro (apesar de todos os esforços). São para mim, vinhos que tentam acrescentar algo de novo. Ensinam, cativam. Prendem-nos ao copo. Tentam fugir da normalidade, da massificação, da uniformização que vai imperando, dominando, espalhando-se como uma praga. Tal como uma orda de cavaleiros bárbaros avançando pelos reinos do Ocidente que vão caindo uns atrás dos outros, incapazes de resistir ao impacto de tal força. Aqui, além, ainda vão surgindo núcleos de resistência. Tentam segurar a independência, a diferença. O enófilo (ando a usar este termo repetidamente. Mas o que é um enófilo, já agora?) bem tenta procurar nesses cantos conhecimentos que o façam crescer, aprender mais e olhar para o vinho de maneira diferente.
Por aqui, nesta Quinta Além Tanha, os aromas que brotam, que saltam do copo exibem a natureza, o que ela dá, o que ela oferece. A rudeza, a sobriedade. O Douro está bem marcado. Nota-se qualquer coisa de genuíno. Os perfumes não são criados em laboratório. É campo, é rio, é rocha, é terra. É mato, rodeado por giesta, por esteva. As flores de aspecto tacanho, pequenas, tal como o povo luso, são de uma beleza assinalável. Marcam pela sua pureza, pela simplicidade. Aparecem e desaparecem respeitando o tempo, as ordens lá de cima. Os urbanos, supostamente mais modernos, não apreciam.
Os sabores são difíceis. São pesados, por vezes agrestes, mas dignos, limpos e puros. É a natureza a mostrar-se, sem intervenção da máquina. Ao homem cabe-lhe a tarefa de ir vigiando o desenrolar dos acontecimentos. Prazeres que não devem ser desfrutados todos os dias. Nota Pessoal: 16
Post Scriptum: Para quem gosta de viver na natureza, longe dos luxos, das mordomias da cidade. Não é indicado para quem se julga fino.
Por aqui, nesta Quinta Além Tanha, os aromas que brotam, que saltam do copo exibem a natureza, o que ela dá, o que ela oferece. A rudeza, a sobriedade. O Douro está bem marcado. Nota-se qualquer coisa de genuíno. Os perfumes não são criados em laboratório. É campo, é rio, é rocha, é terra. É mato, rodeado por giesta, por esteva. As flores de aspecto tacanho, pequenas, tal como o povo luso, são de uma beleza assinalável. Marcam pela sua pureza, pela simplicidade. Aparecem e desaparecem respeitando o tempo, as ordens lá de cima. Os urbanos, supostamente mais modernos, não apreciam.
Os sabores são difíceis. São pesados, por vezes agrestes, mas dignos, limpos e puros. É a natureza a mostrar-se, sem intervenção da máquina. Ao homem cabe-lhe a tarefa de ir vigiando o desenrolar dos acontecimentos. Prazeres que não devem ser desfrutados todos os dias. Nota Pessoal: 16
Post Scriptum: Para quem gosta de viver na natureza, longe dos luxos, das mordomias da cidade. Não é indicado para quem se julga fino.
Comentários
É bom saber que ainda continua em forma :)
Se gostam do 2003, nem imaginam o 2004 que deu um grande salto em termos de complexidade.
Tenho vindo a prová-los com muita periodicidade e o que está mais bebível é o de 2001 (uma evolução perfeita). Agora o 2004...
O seu preço justo também é um atractivo!
(Parabéns Pedro T.)
N.