Quinta do Valdoeiro PN11 Cabernet Sauvignon


Ora aqui está a prova de um Cabernet Sauvignon Português. 2001 é o ano da colheita.
Sempre olhei com desconfiança para os Cabernet portugueses. Não consigo encará-los sem franzir o meu sobrolho, sem esquecer o preconceito que nutro por eles (assumidamente). Os bons cabernet's além fronteirasos conheço de nome. As versões lusitanas não me satisfizeram até ao momento. Do ponto de vista enófilo, não acrescentaram muito à minha aprendizagem. Possuem marcadamente o mesmo fio condutor. São vegetais. Um vegetal verde, algo chato, arreliador. Tenho amigos que afirmam que sou exageradamente tendencioso, que descrimino. Não creio. Acredito (deixem-me pensar que sei disto) que não existirão grandes ganhos para o consumidor português com a existência de vinhos elaborados exclusivamente com esta casta francesa (estou a referir-me, naturalmente, a vinhos nacionais).
Este Quinta do Valdoeiro PN11 repetiu o que mais receava: a presença de um lado vegetal intenso, verde (estou a referir-me a cheiros maus). Mesmo após largo tempo de abertura, a marca desse aroma incomodativo mantinha e manteve fortemente o seu cunho (Odeio quando alguém insiste, mesmo quando não é desejado). Apenas desaparecia, momentaneamente, com o rodopiar do copo. Nesse espaço de tempo a fruta madura, compota, uma pitada de canela surgiam à superfície para respirar. Parado o movimento giratório do copo, o tal verde voltava a insurgir-se, não dando oportunidade a ninguém. Com outra rodopiadela libertou um toque a madeira envernizada e menta. O vegetal voltava sempre emergir. Insistente.
Na boca, com pouca alma, outra vez vegetal (nunca repeti tantas vezes a mesma palavra, como agora). Taninos finos, quase despercebidos, tímidos. Prolongamento muito mediano e um final de pouca memória. Valeu pelos momentos de liberdade que esporadicamente oferecia (não eram maus de todo). Nota Pessoal: 13,5

Post Scriptum: Este vinho, foi em tempos, bem classificado pela Revista de Vinhos. Foi esta marca que me levou a comprá-lo. As opções, também, não são muitas. No entanto, apontaria como o mais interessante Cabernet Sauvignon português o Quinta/Palácio da Bacalhôa.


Comentários

Anónimo disse…
Caro Pingus...

Percebo esse preconceito para com o cabernet nacional. Eu proprio nao consigo deixar de o ter. No entanto há um vinho que vale a pena provar e que vem contrariar este nosso preconceito...Quinta do Poco do Lobo Reserva 2003 Bairrada(20euros), a meu ver superior ao Quinta da Bacalhoa. Ao Palácio já nao sei!!!!

Abracos
Pedro Guimaraes
Pingas no Copo disse…
Pedro, por várias tive para comprar esse Quinta do Poço do Lobo.

Abração
Anónimo disse…
Caro Pingus,

é capaz de me explicar melhor o que pretende alcançar com o descritivo vegetal? É talo de couve, é erva cortada? Este tipo de vegetal? Para eu me tentar rever na sua descrição...

Abraços.
Pingas no Copo disse…
Apontemos esse vegetal como couve, "verdete". Nada relacionada com erva cortada.