Depois de duas interessantes passagens pelos vinhos do enólogo Rui Cunha, nunca me passaria pela minha cabeça que um nome tão épico fosse sinal de jornada de infelicidade enófila.
RHEA 2005 (Douro), um tinto que teve a amabilidade de ser muito parco (demasiado) em ofertas. Perdoem-me, eventuais exageros da minha parte, mas o que mostrou (a mim) apenas trazia à memória aromas e sabores bastante complicados, estranhos, muito pouco atractivos. Queimado, sugestões a borracha. Carvão. Em certos momentos, surgia um hálito a madeira queimada, torrada, preta. Para quem se habitou a viver no meio dos incêndios, lembrar-se-á do cheiro que transmite uma floresta calcinada, no dia seguinte. Um cheiro forte, pesado, triste, sem alegria. Aromas que queremos esquecer, desejando que a floresta volte a renascer. Na boca, passagem rápida, célere, sem memória. A evolução que foi tendo não chegou para me fazer esquecer o passado. Nota Pessoal: 11
RHEA 2006 (Douro), um vinho branco com mais interesse que o tinto. Fruta tropical, onde o ananás, a toranja, a lima iam marcando presença. A erva verde, os espargos davam-lhe vivacidade, frescura e alegria. Notava-se vagamente alguma mineralidade. Na boca tentava apresentar-se crocante, mineral, mas sem conseguir deixar marca. Provocava uma sensação vazia, meio inócua. É pena, pois prometia mais. Igual a tantos. Nota Pessoal: 13
Pensando nas estrelas, vejo que as minhas viagens não têm sido muito felizes. Canopus, atribulada. RHEA fiquei pelo caminho. O espaço, o cosmos não é para mim. Decidamente não são vinhos para inventar para grandes estórias.
Algumas notas sobre a palavra RHEA. É a segunda maior lua de Saturno. Totalmente gelada. É também o nome da mãe dos deuses, filha de Úrano e de Gaia. Vasculhem pela internet que encontram muitas informações.
Como já disse, é um nome interessante, com carga mitológica forte. Algo exagerado para baptizar vinhos sem alma. Acredito, apesar de tudo, que possam evoluir positivamente. Sem querer tornar-me chato, repetitivo, transporto para mim as falhas que possam ter existido na análise aos RHEA. Nem todos entendem os deuses e os seus desígnios.
Comentários
Infelizmente, sabes bem que concordo contigo quanto a este RHEA.
Um abraço, melhor vinhos virão...
Um abraço
Luis Fidalgo