Existem vinhos, como todos nós sabemos, que proporcionam árduas tarefas sensoriais ao ponto de questionarmos as nossas reais capacidades. Os motivos podem ser os mais variados e ter diversas justificações. Má garrafa, mau dia para o provador. Depois a fatal subjectividade que a prova tem dá o remate final (é um acto humano cheio de incongruências. Ponto final). Existe um contínuo de variáveis quase intermináveis que interferirem na forma como vemos determinado vinho.
Martim D' Avillez Grande Escolha 2003, tinto das Terras do Sado, entra no meu lote de vinhos que mais dificuldade e perplexidade criou. Um comportamento algo impróprio, repleto de nós para desmanchar. Os atributos apresentados andavam muito longe do Grande Escolha. Aliás, é notória a banalização dos termos: Vinhas Velhas, Colheita Seleccionada, Grande Reserva, Garrafeira (haja imaginação). Perderam qualquer sentido, qualquer valor. No passado, praticamente só havia a distinção entre Reserva e Normal. Chegava e bastava (sem falar na diferença que se notava).
Voltemos ao vinho. Apresentou-se com sugestões animais algo violentas, onde odores de pêlo se embrulhavam com cheiros de estábulo. Com o tempo, foi evoluindo para um vegetal incomodativo (verdete) que marcou fortemente o vinho. A fruta era fugaz, surgia timidamente, nunca conseguindo mostrar-se decentemente. Era como se alguém ou algo a puxasse sistematicamente para trás.
Na boca, revelou uma agressividade, uma violência que não se entendia. Desproporcionada. A acidez estava marcante, arrepiante. Verdade seja dita, não é gritando, barafustando, gesticulando de forma rude, que convencemos os outros (apesar de ser ter instalado no nosso país, uma leve sensação de que a agressividade é justificável para mostrar que temos razão). Um vinho que pareceu-me pouco refinado, repleto de arestas por limar, com muitas coisas para acertar. Tipo: nó de gravata mal feito, colarinho por passar. Espero que tenham sido, apenas, sinais de juventude, de alguma irreverência sem sentido. Nota Pessoal: 12,5
Post Scriptum: Lembrei-me muito deste post.
Voltemos ao vinho. Apresentou-se com sugestões animais algo violentas, onde odores de pêlo se embrulhavam com cheiros de estábulo. Com o tempo, foi evoluindo para um vegetal incomodativo (verdete) que marcou fortemente o vinho. A fruta era fugaz, surgia timidamente, nunca conseguindo mostrar-se decentemente. Era como se alguém ou algo a puxasse sistematicamente para trás.
Na boca, revelou uma agressividade, uma violência que não se entendia. Desproporcionada. A acidez estava marcante, arrepiante. Verdade seja dita, não é gritando, barafustando, gesticulando de forma rude, que convencemos os outros (apesar de ser ter instalado no nosso país, uma leve sensação de que a agressividade é justificável para mostrar que temos razão). Um vinho que pareceu-me pouco refinado, repleto de arestas por limar, com muitas coisas para acertar. Tipo: nó de gravata mal feito, colarinho por passar. Espero que tenham sido, apenas, sinais de juventude, de alguma irreverência sem sentido. Nota Pessoal: 12,5
Post Scriptum: Lembrei-me muito deste post.
Comentários
Já agora, grande zurrapa essa...
Talvez por estar super bem acompanhado, bem disposto o que te digo é que gostei.
Seguindo a tua escala vale bem (pelo menos nesse dia especial)15
O mesmo vinho pode ter comportamentos diferentes.
Pessoalmente detectei uma componente vegetal e animal que marcou (negativamente)o vinho
Não leves a mal, mas o único vegetal era um relvado soberbo e o animal uma mulher maravilhosa :)
Excelente. ehehe!