Touriga Franca da Quinta do Cachão

Uma vez por outra, lá surgem vinhos que apresentam qualquer coisa de novo. Aqui , além, vão dando mais graça à paixão do enófilo. Animam esta louca e enorme caminhada. Procurar, provar vinhos diferentes. A sorte saiu a um Douro. Quinta do Cachão Touriga Franca 2004. A primeira expressão aromática que proferiu: iogurte de morango. Perdoem-me este abuso eno-linguístico. Mas tenho sempre necessidade de comparar com qualquer coisa. Posteriormente revelou uma leve ponta mineral. Talvez pedra lascada. Húmido. Havia algo que lembrava chão molhado. A sensação que transmitia era de um amanhecer, bastante orvalhado. Foi despertando para cheiros de flores, pequenas flores silvestres. Uma leve e curiosa nota de pó de talco marcava o final.
Foi pena a agressividade que revelou na boca. Acidez e taninos muito evidentes. Pujantes em demasia. Pareciam-me exaltados. Embatiam com vigor na língua, deixando marca. Era necessário coragem para perceber o que andava por ali. A precisar de tempo, de algumas lições. Aprender mais um pouco.
Como é que um vinho pode ter duas facetas tão diferentes, díspares. Comportamento quase bipolar (perdoem-me este abuso. Outro). Apostaria numa boa evolução. Nota Pessoal: 15

Post Scriptum: Ao fim de algum a tempo a escrever, tem aumentado a necessidade de inventar, procurar outros termos, outras expressões que possam definir o que sinto. Basicamente a análise de um vinho é caracterizada pelos mesmas palavras, adjectivos, expressões. Para isto ter piada, há que colocar a imaginação a trabalhar.

Comentários

NOG disse…
Gostei muito (levei para a casa depois da prova).

Abraço amigo,

N.
VinhoDaCasa disse…
Pingus, eu também por vezes encontro alguns aromas de iogurte de morango, e de outros sabores :)
Ainda há bem pouco lá em baixo no Vinum Callipole encontrei o tal aroma no rosé da Quinta de Saes. Só não consegui se o iogurte era light, com bifinhos activos ou com ElCasey Imunitas... heheh

Abraço
Pingas no Copo disse…
Nuno lembro-me bem desse pequeno desvio. Eu, entretanto, optei por levar outra. :)

Um abração
NOG disse…
Rui: Sim sim, lembro-me que também não correu mal a noite para ti (LOL). Mas merecemos... depois de tanto "trabalho".

Paulo: Como correu essa iniciativa?

Rui e Paulo: Quanto ao iogurte, penso ser da componente láctea de alguns vinhos que, misturada com fruta vermelha, dá a ideia de iogurte de morango.

Fortes abraços,

N.
Anónimo disse…
Esses sabores lácteos têm passado por mim em alguns tintos que vão entrando no meu copo. Acho que não é imaginção nem creatividade, por mim esses sabores e aromas existem mesmo.
Pingas no Copo disse…
Já agora que acham desse aroma lácteco que nos leva a pensar que é iogurte? Defeito ou feitio?
Os aromas lácteos são de origem Microbiológicos, estão ligados à produção de vinho e não à qualidade ou tipo da uva.

Por vezes encontro aromas destes em alguns vinhos, pessoalmente não o encaro com bons olhos, pois por vezes é um odor forte e que domina grande parte da prova.
Pingas no Copo disse…
Não me digas que gosto de vinhos com defeitos. Ora bolas não percebo nada disto.
Anónimo disse…
É muito interessante visitar seu blog.
Pingas no Copo disse…
Obrigado michel. É apenas um espaço de desvairos muito pessoais.
Anónimo disse…
No nosso encontro na York House, um dos vinhos que levaste, um Dão que não me lembro o nome, é um exemplo disso, eu pessoalmente gosto, mas é verdade o que o copod3 disse, não é muito normal encontrar, e nem sempre, ou na maioria apreciado.
Pingas no Copo disse…
Pedro, o vinho que falas era um Touriga Nacional da Casa da Passarela 2005.

Então quer dizer que gostamos de vinhos com defeito...
Um abração