Tal como as pessoas os vinhos têm, por vezes, duas caras, duas faces diferentes, tão antagónicas que acabam por prejudicar a análise e o modo como olhamos para eles. Quem é quem?
A abordagem, o modo como tentei travar conhecimento, foi dificultada pela indefinição de aromas, de cheiros, que este tinto (de 2005) do Douro apresentou inicialmente (sinto uma imensa pressão quando confrontado com pouco tempo para avaliar um vinho). Com o natural tempo de espera, lá decidiu revelar uma curiosa sensação rural. Havia qualquer coisa que lembrava aquelas adegas antigas, frias e húmidas, em que os tectos eram sustentados por longas traves de madeira, cobertas por redes de teia. Sentia-se o passado, os gestos e os barulhos de outro tempo. O cunho do Douro estava bem vincado. A sensação de flores silvestres, de fetos, de restolho, de terra, completavam o modus operandi aromático. O berço estava identificado. Acabei por ficar satisfeito.
Os sabores, esses, é que pareceram-me mais débeis, menos interessantes, com uma durabilidade aquém do desejado. Eram vagos, frouxos, atacados por uma vivacidade ténue. Em certos momentos, roçaram a monotonia e a decepção. Uma enorme desilusão.
Presenciei como um vinho pode ter duas caras, duas personalidades. Dr. Jeckyll e Mr. Hyde. Quem é quem? Nota Pessoal: 13,5
Comentários
Tambem concordo com o Pedro Sousa. Muitas das vezes os vinhos nestas faixas de preco satisfazem num so aspecto: o aroma ou a boca...
Abracos
Pedro Guimaraes
Abraços ao dois