Acabei de realizar uma limpeza na garrafeira. Foi mais uma vistoria a alguns vinhos que andam aqui por casa. Objectivo foi, tão somente, verificar se valem a pena continuarem a dormir ou, se pelo contrário, merecem sair (rapidamente) do escuro, do vidro. É, apesar de tudo, uma tarefa complicada. Por diversos momentos, confrontei-me com situações ambíguas. Duas garrafas (do mesmo vinho), acondicionadas no mesmo local, apresentaram níveis de evolução algo díspares. Depois, alguns dos vinhos que adquiri, no passado, não trilharam os melhores caminhos. Os níveis de afinamento, não tomaram os patamares desejados (para mim). Uns pararam, outros perderam-se.
De uma forma geral, dizer que um vinho estará em boas condições ultrapassada a barreira psicológica dos 5 anos roça, em muitos casos, a adivinhação. Estou a pensar na maioria dos nossos topos de gama. São os vinhos em que depositamos mais esperanças. Acreditamos que irão evoluir dignamente, justificando todos os euros que custaram. Muitas vezes, carpimos bem alto.
Entre brancos e tintos abertos, partilho com vocês alguns comentários sobre um vinho de José Bento dos Santos. Têmpera 2001. Um tinta roriz da Estremadura que estava recolhido há muito tempo. Precisava de saber se valeria a pena manter a sua hibernação ou despachá-lo, o mais depressa possível.
Saiu do vidro de forma suave, delicada. Agradeceu com um molho de flores, de aspecto silvestre. A canela e o caramelo surgiram envolvidos por bálsamos, criando em redor do copo um ambiente de conforto, de alívio. Uma curiosa sensação a pastilha elástica, de sabor a morango, transmitia um pequeno rasgo de juventude. Tudo num registo fresco e leve (mas não leviano). Adensou, um pouco mais, a sua complexidade com sugestões minerais. Como num qualquer encontro, as despedidas foram feitas com um trago de licor de ginja e uma pequena porção de baunilha.
Na boca, o paladar era fresco e vermelho. Mais uma vez mostrou timbre meigo e delicado (avisando que não irá aguentar muito tempo). Taninos e acidez bem envolvidos no corpo. Terminava deixando tudo arrumado. Nota Pessoal: 16,5
Um vinho que merece ser bebido. Não irá ganhar com o prolongamento da guarda. Acordem-no e desfrutem. Um tinto que não cansa. Não enjoa, não farta. "É a Têmpera que transforma o ferro humilde no nobre aço."
Saiu do vidro de forma suave, delicada. Agradeceu com um molho de flores, de aspecto silvestre. A canela e o caramelo surgiram envolvidos por bálsamos, criando em redor do copo um ambiente de conforto, de alívio. Uma curiosa sensação a pastilha elástica, de sabor a morango, transmitia um pequeno rasgo de juventude. Tudo num registo fresco e leve (mas não leviano). Adensou, um pouco mais, a sua complexidade com sugestões minerais. Como num qualquer encontro, as despedidas foram feitas com um trago de licor de ginja e uma pequena porção de baunilha.
Na boca, o paladar era fresco e vermelho. Mais uma vez mostrou timbre meigo e delicado (avisando que não irá aguentar muito tempo). Taninos e acidez bem envolvidos no corpo. Terminava deixando tudo arrumado. Nota Pessoal: 16,5
Um vinho que merece ser bebido. Não irá ganhar com o prolongamento da guarda. Acordem-no e desfrutem. Um tinto que não cansa. Não enjoa, não farta. "É a Têmpera que transforma o ferro humilde no nobre aço."
Comentários
Pisco o olho a esse Poeira... Espero que trilhe o melhor caminho evolutivo!
1 abraço
Bela garrafeira. O Tempera nunca provei, infelzmente. Ficara para uma proxima oportunidade
Abracos
Pedro Guimaraes
Quanto à garrafeira, é apenas numa pequena colecção pessoal.
Abraços
Abraco
PG
Abraço
Ora aqui esta um tema que muito me agrada!!!
A capacidade de evolucao de um vinho tem muito a ver com a sua produccao. Vinhos ultra extraidos, baixos em acidez como os que tem povoado as gamas altas nacionais, nao me parece que venham a dar gratas surpresas no futuro. Sao vinhos que vivem da fruta e do prazer imediato. Felizmente comecamos a assistir a uma mudanca gradual do perfil de muitos produtores. A longevidade dum vinho e a sua evolucao dependem, a meu ver, do equilibrio do mesmo - corpo, acidez, taninos e alcool.
Ja temos actualmente vinhos que demonstram potencial de guarda, nomeadamente no Dao, na Bairrada entre outros. A minha duvida vai para o Douro, no entanto tenho fe.
Depois que vinhos queremos de facto?
Aproveito o teu "remark" para elogiar a critica de "blog" em desfavor do "establishment" - critica "profissional". Eu ate percebo que no inicio da decada ouvesse necessidade de chamar a atencao do publico para a nova vaga de vinhos portugueses, mas agora exige-se melhor jornalismo vinicola....
Abracos
Pedro Guimaraes
Os valores exactos de cada componente para garantir uma saudável longevidade, acidez, alcool e taninos, já vão além do pouco que sei.
PS: O Poeira já faz parte de mim. Finalmente bebi um 2004 a semana passada. É de facto um vinho excelente com uma finesse extrema... taninos muito polidos... grande vinho de facto!
1 abraço
Abraços
Nós aqui nas KV, depois de feitas as compras de Outono para recarregar as falhas, costumamos andar pelas 200 cada um...
Aposto essencialmente nas gamas média/alta e alta. Por esta razão ela aumenta muito lentamente.
E raramente reforço a garrafeira por alturas das feiras.
Geralmente os vinhos que compro nas feiras dos hipers é para despachar a curto/médio prazo.