Ao provar este vinho, lembrei-me, várias vezes, de um pequeno texto que escrevi para o Pingas no Copo. Na altura, tracei umas quantas linhas para falar da influência do rótulo no consumidor. Aliás, e passado algum tempo, continuo a olhar para o assunto da mesma forma. O rótulo e agora a casta (vejam a loucura que existe em redor da Touriga Nacional) influenciam e muito. Se é famoso e caro, facilmente poderemos, ou não, gostar dele. Se for o oposto, é facilmente desculpabilizado. É a gestão das expectativas. Este varietal produzido por Ermelinda Freitas encaixa que nem uma luva no que acabei de referir. A casta matutava na cabeça. Olhava para o rótulo (que é acidentalmente parecido com outro que existe para os lados da COOP de Pegões) e via escrito: Cabernet Sauvignon (C.S.). Estaria ali, finalmente, um vinho onde esta casta faria abrir a (minha) boca de admiração e levantar-me para aplaudi-la? Estão, ainda, bem presentes aqueles que já provei. Vinhos que, na sua maioria, eram marcadamente vegetais, onde sugestões a talo de couve, a verdete e a pimentão impuseram registos aromáticos e gustativos pouco apelativos, pouco atraentes. Tudo, quase, sem interesse.
Influenciado por esse passado sinistro, este Cabernet Sauvignon de Ermelinda Freitas acabou por não sair da mediania de outros C.S. portugueses (que são os meus pontos de referência). O talo de couve voltou a surgir, o verdete reapareceu, o pimentão (que detesto) marcou presença. A coisa tentou animar, por momentos, com uns tímidos apontamentos a mentol e a hortelã, amparados por uma breve impressão mineral. Pensei que iria libertar-me dos meus preconceitos. Sol de pouca dura. O paladar era (muito) vago. Poucos sabores, com uma ligeireza absurda, liso. Estranho. Que raio. Seria vinho? A minha incompreensão e o meu amadorismo terão, certamente, influenciado as apreciações. Peço desculpa por isso. Nota Pessoal: 12,5
Ganharemos alguma coisa em beber sistematicamente maus Cabernet Sauvignon? Valerá a pena continuar a investir em varietais portugueses feitos unicamente com esta casta?
Comentários
Dou-te toda a minha solidariedade no que toca a este vinho, realmente não vale a pena investir em vinhos assim.
http://copod3.blogspot.com/2007/05/prova-varietais-cabernet-sauvignon.html
Concordo, aqui, inteiramente com o post do Copo de Tres....há certos vinhos que na vale mesmo a pena perdermos tempo(e dinheiro) com eles. Os cabernet nacionais deixam defacto muito a desejar, especialmente porque sendo uma casta exigente do ponto de vista enologico, aparece normalmente nos seguementos de entrada dos diversos produtores. E daí sermos "assaltados" pelo pimento (caracteristica negativa a evitar)e por vinhos que apostam mais no rotulo do que no conteudo. No panorama nacional o unico Cabernet que me agradou foi o da Quinta do Poco do Lobo reserva 2003...ou algumas "misturas" do Campolargo. De resto, acho tudo muito rendido ao pimento :)
Sugiro-te que proves o Quinta da Bacalhôa 2003. Eu gostei, e também sou muito exigente nos CS, e até evito CS portugueses...
Abraço Pingolito
Gostei bastante e não lhe "topei" os pimentos.