Teve reportagem aprofundada numa das últimas edições da Revista de Vinhos. Dizia-se que este tradicional produtor Alentejano passava por uma fase de reconversão, modernizando-se. A travessia do deserto tinha sido longa e os vinhos produzidos pela Fundação Abreu Callado careciam de maquilhagem. As rugas eram evidentes. As novidades reduzidas. Todo o processo de vinificação tinha que dar uma reviravolta. Pessoalmente, nunca fui um grande consumidor de vinhos desta fundação. No entanto, passou-me pelas beiças um curioso licoroso. Interessante e que se bebeu com prazer. Um regionalismo que merece ser conhecido. Um exemplo do que anda por aí escondido.
Tanta conversa, tanta palavra para partilhar com vocês alguns comentários sobre o Touriga Nacional de 2006.
O portefólio desta casa está mais enriquecido (Touriga Nacional, com o nome de Horta da Palha, Cadeira da Moira 2005 e o topo da casa, Dom Cosme Reserva de 2006).
Tanta conversa, tanta palavra para partilhar com vocês alguns comentários sobre o Touriga Nacional de 2006.
O portefólio desta casa está mais enriquecido (Touriga Nacional, com o nome de Horta da Palha, Cadeira da Moira 2005 e o topo da casa, Dom Cosme Reserva de 2006).
Escusado referir a cor. Na moda. Escuro.
Abriu com cheiros a goma de morango. Fez lembrar as primeiras mastigadelas que damos numa pastilha elástica. Foi, posteriormente, despontando para uma refrescante hortelã. Insuficiente para aguentar um conjunto de aromas pujantes, maduros, que mataram pouco a pouco o que de mais delicado havia.
A madeira, pareceu-me muito evidente. À medida que os ponteiros iam rodando, a sensação tostada largou um rasto incomodativo. É estranho, mas começa a ser repetitivo a impressão a madeira verde que vou encontrando em alguns vinhos. Verdasco. Não consigo encontrar comparativo melhor. Toada forte e impositiva.
Os sabores confirmavam a juventude, o excesso de madeira (foram seis meses que deixaram marca) e alguma rudeza. Deixava secura nas gengivas (imagino o que elas devem ter sentido).
Nota-se que quer dar o salto para o outro lado. Mas peca por alguns excessos. A madeira é um deles. Veremos, se algum dia afina. Nota Pessoal: 13
Comentários
Se bem percebi os vinhos da Fundacao Abreu Callado vao deixar de ostentar o nome da fundacao e passarao a ter os tres nomes que referiste de acordo com o patamar de qualidade. Right?
A marca Abreu Callado tinto e branco continua a existir.
Eu, pessoalmente, acharia muito mais interessante um dia ler num blog ou revista que a nova colheita da Abreu Callado (normal, reserva e reserva part., por exemplo) mostravam ser belos vinhos...
Volto a dizer má escolha de um produtor que no nome nao tinha problemas....
Às vezes, a "presumível modernização" é feita com nomes. Neste caso, nomes muito pouco apelativos que dificilmente "entrarão no ouvido" do enófilo.
Encarem este como Abreu Callado Horta da Palha, se para uns resulta porque não para outros ?
os meus 2centimos.....
O nome pode não ser feliz mas é uma questão de gosto de cada um, temos exemplos bem piores como Cabeça de Burro ou Manuel do Talho... Neste campo vejo bem melhor estes nomes pouco apelativos do que nomes que se confundem com outros vinhos já no mercado. Rótulos que de original pouco ou nada mostram.
Mas como gosto de dizer e inspirado num famoso Calipolense:
NÓS SOMOS AS NOSSAS IDEIAS
Abraco
Pedro Guimaraes
Diz assim a RV:
Horta da Palha, nome de uma área na periferia de Benavila que foi cedida aos trabalhadores reformados da casa para aí fazerem as suas culturas.
Cadeira da Moira, designa uma rocha de granito junto à barragem do Maranhão que tem o formato de uma cadeira.
Dom Cosme, homenagem ao fundador da casa.
Eu, se calhar, nao tenho o direito de fazer estas afirmacoes mas parecem-me cenários bastante mais interessantes....
Lembra a historia da rosa e da couve flor, em que a rosa pergunta, como e que te chamam flor se não és bonita, és gorda e cheia de rugas e ainda cheiras mal... e responde a couve flor... pois é, mas tu és o contrário e ninguém te come.