Como consumidor puro e duro, faz-me enorme confusão observar algumas discrepâncias que existem em determinados portefólios. Conseguem apresentar vinhos que vão desde o mau ao muito bom. Entre estas duas barreiras surge um conjunto de opções que são catalogadas das mais diferentes maneiras: Colheita, Colheita Seleccionada, Reserva, Super Reserva, Reserva Especial (sem falarmos nuns quantos varietais que surgem pelo meio). Haja imaginação. Depois, a confusão aumenta quando reparamos que entre um Reserva, um Super Reserva ou um Colheita Seleccionada as diferenças são, em muitos casos, mínimas. Reparamos, apenas, que os ganhos (falo naturalmente de prazer enófilo) não são directamente proporcionais ao custo. A grande diferença cifra-se, apenas, no preço.
As questões que lanço são simples e reflectem a minha confusão enófila.
As questões que lanço são simples e reflectem a minha confusão enófila.
- O que ganhamos com vinhos que, em muitos casos, não têm continuidade em colheitas posteriores? Servem, apenas, para alimentar um nicho de consumidores elitistas e com capacidade financeira?
- Em alguns casos, notaram decréscimo de qualidade de determinado vinho em detrimento de outro?
- Um rótulo que mencione Reserva, Grande Escolha, Colheita Seleccionada,... ainda influência o consumidor?
Comentários
Deveriam ser nomes que viessem dar alguma fiabilidade ao consumidor na hora da compra... saber quem está diante de um vinho com um esperado nível de qualidade.
Mas comigo raramente acontece em Portugal, sigo apenas com respeito devido as Reservas que fazem história ao longo dos anos... ou outros são efémeros e muitas vezes enganadores. Já se chama reserva, super reserva, mega hiper super reserva, colheita seleccionada, escolha do enólogo, cuvee especial, reserva especial, e até mesmo o nome Garrafeira símbolo de vinhos de culto que se olhavam com respeito se ve nos dias hoje profanado com Garrafeira Especial etc etc...
A bandalheira é tal que não devemos comparar com os exemplos lá de fora, onde por exemplo sei que um Gran Reserva em Espanha será sempre um Gran Reserva e um Reserve em França será sempre um Reserve.
Em minha opinião, é o espelho da falta de nível empresarial e comercial deste País que temos, ou seja é a cultura do ganhar tudo hoje, não olhando a meios.
Um abraço.
Os espanhois aqui ao lado tem regras mínimas bem definidas para cada uma das categorias de vinho que se pretende (embora também haja variações regionais. (Crianza: estágio mínimo 24 meses com 6 de barrica | Reserva: Branco - 24m, 6barrica, Tinto - 36m, 12barrica | Gran Reserva: Branco - 48m, 6barrica, Tinto - 60m, 24barrica)
Embora não concorde com a regra espanhola "quanto mais madeira melhor", pelo menos é uma regra, sempre é melhor que cá.
Cá cada região tem as suas regras e nenhuma delas funciona direito. Mais valia tentar uniformizar um pouco o modo como são dadas estas categorias ao vinho, para o público poder saber melhor o que está a provar.
Bom blog.
Estou a tentar começar um, diz-me o que achas.
O "reserva", em princípio, deverá (deveria) ser sempre um vinho de qualidade superior do produtor, mas qual é a regra para que possa ter esse epíteto?
A única que conheço é a do "garrafeira", que tem de ter, salvo erro, um mínimo de um ano em garrafa e só sair para o mercado 3 anos após a colheita. Penso que é isto, pelo menos aí o consumidor sabe ao que vai. Quanto ao resto, é absolutamente arbitrário.
para nós, informados que nos dedicamos com mais afinco a esta coisa do vinho, as designações no rótulo tem pouca ou nenhuma influência. Até pq, como foi aqui dito, não se consegue mapear objectivamente um epíteto com um método de vinificação ou estágio de engarrafamento (como em Espanha, por exemplo).
Mas os produtores continuam a utilizar este expediente: constantes novidades, profusão de gamas e designativos nos rótulos. E porquê? Porque acredito que, e devem provar os números das vendas, resulta (por redução ao absurdo, se não resultasse, não o faziam). E resulta maioritariamente no mercado de grande consumo (como é evidente o Batuta não precisa do designativo do "colheita seleccionada", pelo que não acredito que os tais epítetos sejam para alcançar os mais elitistas). E esse é o mercado menos informado em que rótulo e o preço (ver artigo http://afp.google.com/article/ALeqM5hqL8LDgnvsSAG5kGbqyAJ_11LwWg) são determinantes.
Os outros países utilizam os animais e as cores berrantes, a nós calhou-nos os designativos delirantes a provar o povo criativo que somos. :)
Um abraço,
RC