Estes foram provados em simultâneo com os Garrafeira da Tapada de Coelheiros. A prova (que dividi, aqui, em duas partes) tinha sido fruto da cabeça de alguém. Tornou-se um interessante comparativo entre dois produtores de topo.
Partilho, agora, as minhas impressões sobre três vinhos da Quinta do Monte D’Oiro. Reservas de 1999, de 2001 e 2003.
Não é a primeira vez que falo sobre eles. Nas primeiras páginas deste diário pessoal, lembro-me de ter escrito umas linhas. Nessa altura, foram feitas as pazes entre mim e eles. Durante muito tempo, não consegui compreender este syrah (com uma pitada de viognier) da Estremadura. A enorme falta de experiência (que continua a existir. Agora, anda aparentemente disfarçada) contribuía decididamente para isso.
Tal como os outros, estes foram provados em prova cega.
Quinta do Monte D’Oiro Reserva 1999
Curiosamente este tinto pareceu-me jovem, com mais força que os seus irmãos mais novos. Havia uma intensidade que apontava para anos recentes (só depois de ver o rótulo, reparei no enorme erro). Foi frontal na apresentação. Directo e peitudo na abordagem. Senti, durante algum tempo, um valente odor a verniz que combinava com lousa, grafite e carvão. Aqui o tempo (da prova) correu a (seu) favor. Atenuadas as primeiras emoções, chegou a vez de cheirar chocolate preto, amora preta (sabem, certamente, das dificuldades que tenho para identificar cores) e um conjunto de fumados. O meu nariz, pouco contente com o que ia caçando, conseguiu ainda imaginar sensações a rosas, a violetas. Pareciam aqueles ramos que se oferecem na despedida. Perfumava o ar.
O paladar era fresco. A força estava (bem) controlada pelo corpo. Gordo, amplo e equilibrado. O final era longo. Nota Pessoal: 17
Quinta do Monte D’Oiro Reserva 2001
Recordando algumas coisas que já disse (escuso de maçar-vos mais uma vez), sinto que este vinho continua a apresentar excelente estado de saúde. Para mim, é um tinto que vence pelo perfume que está constantemente a largar cá para fora. A madeira sabe bem. Está ali para enriquecer, para melhorar. Não é a estrela principal. Devido à falta de comparativos, só surgem na cabeça palavras como: acetinado, aveludado, elegante e fino.
O paladar não destoou, nem um pouco, do que tinha cheirado. Longo no prazer. Um vinho que não é para nós.
Depois nem sempre é fácil escrever sobre o que (mais) gostamos. Nota Pessoal: 18
Quinta do Monte D’Oiro Reserva 2003
Os aromas que entravam no nariz estavam repletos (mais uma vez) de intensidade. Havia profundidade, sem nunca perder elegância e finesse. Tudo andava em redor do chocolate em pó, pó de talco, tabaco. Pelo meio, fiquei com a ideia que um cheiro a encerado tentava transmitir a este tinto um ar mais aristocrático, fazendo lembrar aqueles salões, amplos e cintilantes. Parecia quer mostrar dimensão, amplitude.
Depois continuou a evoluir numa lógica doce, mas terrivelmente insinuante.
Na parte final, reapareceram as folhas de tabaco trazendo atrás ervas aromáticas. Concluíam o tratado aromático.
Os sabores sugeriam harmonia e frescura (comum em todos eles). Fino desde a entrada até à saída. Nota Pessoal: 17,5
Post Scriptum: Destapadas as garrafas, reparei que a balança estava inclinada para os estremenhos.
Não é a primeira vez que falo sobre eles. Nas primeiras páginas deste diário pessoal, lembro-me de ter escrito umas linhas. Nessa altura, foram feitas as pazes entre mim e eles. Durante muito tempo, não consegui compreender este syrah (com uma pitada de viognier) da Estremadura. A enorme falta de experiência (que continua a existir. Agora, anda aparentemente disfarçada) contribuía decididamente para isso.
Tal como os outros, estes foram provados em prova cega.
Quinta do Monte D’Oiro Reserva 1999
Curiosamente este tinto pareceu-me jovem, com mais força que os seus irmãos mais novos. Havia uma intensidade que apontava para anos recentes (só depois de ver o rótulo, reparei no enorme erro). Foi frontal na apresentação. Directo e peitudo na abordagem. Senti, durante algum tempo, um valente odor a verniz que combinava com lousa, grafite e carvão. Aqui o tempo (da prova) correu a (seu) favor. Atenuadas as primeiras emoções, chegou a vez de cheirar chocolate preto, amora preta (sabem, certamente, das dificuldades que tenho para identificar cores) e um conjunto de fumados. O meu nariz, pouco contente com o que ia caçando, conseguiu ainda imaginar sensações a rosas, a violetas. Pareciam aqueles ramos que se oferecem na despedida. Perfumava o ar.
O paladar era fresco. A força estava (bem) controlada pelo corpo. Gordo, amplo e equilibrado. O final era longo. Nota Pessoal: 17
Quinta do Monte D’Oiro Reserva 2001
Recordando algumas coisas que já disse (escuso de maçar-vos mais uma vez), sinto que este vinho continua a apresentar excelente estado de saúde. Para mim, é um tinto que vence pelo perfume que está constantemente a largar cá para fora. A madeira sabe bem. Está ali para enriquecer, para melhorar. Não é a estrela principal. Devido à falta de comparativos, só surgem na cabeça palavras como: acetinado, aveludado, elegante e fino.
O paladar não destoou, nem um pouco, do que tinha cheirado. Longo no prazer. Um vinho que não é para nós.
Depois nem sempre é fácil escrever sobre o que (mais) gostamos. Nota Pessoal: 18
Quinta do Monte D’Oiro Reserva 2003
Os aromas que entravam no nariz estavam repletos (mais uma vez) de intensidade. Havia profundidade, sem nunca perder elegância e finesse. Tudo andava em redor do chocolate em pó, pó de talco, tabaco. Pelo meio, fiquei com a ideia que um cheiro a encerado tentava transmitir a este tinto um ar mais aristocrático, fazendo lembrar aqueles salões, amplos e cintilantes. Parecia quer mostrar dimensão, amplitude.
Depois continuou a evoluir numa lógica doce, mas terrivelmente insinuante.
Na parte final, reapareceram as folhas de tabaco trazendo atrás ervas aromáticas. Concluíam o tratado aromático.
Os sabores sugeriam harmonia e frescura (comum em todos eles). Fino desde a entrada até à saída. Nota Pessoal: 17,5
Post Scriptum: Destapadas as garrafas, reparei que a balança estava inclinada para os estremenhos.
Comentários
Na tua opinião o 2001 é vinho para ainda melhorar em garrafa? Arriscas um número?
Abraço
Pedro Guimarães
Abraço
Essa foi certamente uma prova daquelas de ficar na memória e de fazer inveja a muitos enófilos.
Conhece os vinhos da Herdade do Zambujeiro, entre Estremoz e Borba? no fim de semana de 10 de Maio tive o privilégio de estar numa prova desses vinhos. O Zambujeiro 2004 é qualquer coisa de estonteante...
se já provou gostaria de saber a sua opinião, se ainda não o fez vale bem a pena.
..."Durante muito tempo, não consegui compreender este syrah (com uma pitada de viognier) da Estremadura"...
Pergunta de simples curioso. De certeza que este vinho tem Syrah e Viognier??
No site do produtor refere que o Reserva 1999 tem 97% de Syrah e 3% de Viognier
Contra-rótulo do Reserva 2001: 96% Syrah e 4% de Viognier
Contra-rótulo do Reserva 2003: 96% Syrah e 4% Viognier
Um abração
Um forte abraço
Descobri um Quinta do Monte d'Oiro de 2000 reserva Syrah, como descreve este exemplar?