Existem garrafas que encerram lá dentro um conjunto de sensações que, por muitas voltas que possamos dar à nossa cabeça, as palavras que escolhemos tornam-se quase sempre simplórias, vagas. Acabamos por cair em lugares comuns.
Passados 7 anos após o ano da colheita, este Batuta 2001 apresentou-se ao mundo com vigor, com uma força rara. Um tinto que precisou de muito tempo para acordar, para começar a falar. Parecia não querer sair da clausura.
Quebrada a timidez inicial, aquele momento de indecisão, leva-nos numa viagem cheia de cheiros e de sabores.
Um vinho que espicaçou a imaginação, que provocou e desafiou os sentidos.
Começou a rodopiar, lentamente, com aquele cheiro a esteva, a giesta. Entranhamos-nos na terra, enfiamos-nos pelas pedras adentro, descansamos no lagar. Durante muito tempo, a lousa, o granito, o xisto marcaram acerrimamente o vinho. A fruta que surgiu de soslaio era silvestre. Imaginavam-se as plantas carregadas. Eram bagas, eram amoras, eram groselhas. Tudo fresco e suculento.
Por esta altura, os aromas minerais, terrosos, juntamente com a fruta, criavam um bloco denso e estruturado. Sempre a provocar, recorrendo a um constante jogo que parecia nunca acabar.
O paladar era forte, larguíssimo. Por cada gole dado, vinha outro e mais outro. Dava a ideia que ficava algo para trás. A frescura andava por todo o lado. Os taninos, que estavam bem presentes, puxavam pelos dentes. Umas vezes másculo, outras vezes feminino. Umas vezes bruto, outras vezes fino. Bipolar.
Está ainda a crescer, com muito para dizer. Está longe do fim. Um vinho grande, que não deixa ninguém indiferente (falo de mim).
Acompanhou perfeitamente um musculado arroz de coelho (esteve a marinar em Vintage). Nota Pessoal: 18
Post Scriptum: Será que estes vinhos morrerão um dia?
Quebrada a timidez inicial, aquele momento de indecisão, leva-nos numa viagem cheia de cheiros e de sabores.
Um vinho que espicaçou a imaginação, que provocou e desafiou os sentidos.
Começou a rodopiar, lentamente, com aquele cheiro a esteva, a giesta. Entranhamos-nos na terra, enfiamos-nos pelas pedras adentro, descansamos no lagar. Durante muito tempo, a lousa, o granito, o xisto marcaram acerrimamente o vinho. A fruta que surgiu de soslaio era silvestre. Imaginavam-se as plantas carregadas. Eram bagas, eram amoras, eram groselhas. Tudo fresco e suculento.
Por esta altura, os aromas minerais, terrosos, juntamente com a fruta, criavam um bloco denso e estruturado. Sempre a provocar, recorrendo a um constante jogo que parecia nunca acabar.
O paladar era forte, larguíssimo. Por cada gole dado, vinha outro e mais outro. Dava a ideia que ficava algo para trás. A frescura andava por todo o lado. Os taninos, que estavam bem presentes, puxavam pelos dentes. Umas vezes másculo, outras vezes feminino. Umas vezes bruto, outras vezes fino. Bipolar.
Está ainda a crescer, com muito para dizer. Está longe do fim. Um vinho grande, que não deixa ninguém indiferente (falo de mim).
Acompanhou perfeitamente um musculado arroz de coelho (esteve a marinar em Vintage). Nota Pessoal: 18
Post Scriptum: Será que estes vinhos morrerão um dia?
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Ab.
N.