Antes de começar, avanço com uma declaração de interesses. Estou perante um vinho que, por uma razão ou por outra, nunca morri de amores. A colheita de 1999 marcou muito o meu olhar sobre ele. Depois, quando aparecia pela frente, em algumas provas cegas, teimava em não ser um dos eleitos e ficava, quase sempre, lá no fim da lista. Não gostava dele. Um rol de atributos que não agradavam. Parecia sina.
Desta vez, deu-me a volta e acabei por engolir em seco quando percebi que tinha eleito como um dos melhores vinhos da noite o Quinta do Vale Meão (colheita 2000). Não podia. Não podia ser! Erro de análise? Ou no passado teria sido mal compreendido? Adoro as minhas incongruências.
Terra no nariz, cheio de árvores e de arbustos por todo o lado. Era forte, muito intensa a carga vegetal. Estranho não é? Um vinho daqueles lados não devia cheirar tanto a isto, não acham? Pelo menos a região assim indicia. Continuamos no mesmo registo. A imagem adensa-se, completa-se, com cogumelos, com terra negra revolvida. Um vinho com boa dose de sobriedade. Continuemos, vasculhemos mais um pouco. Pedras, cantaria. Aqui sim, percebe-se. Era o granito e o xisto a falarem. Um pouco de menta, de balsâmicos cumpriam a função de refrescar, de alegrar. Um conjunto aromático que revelou nobreza e boa dose de complexidade.
Os sabores estavam cobertos de especiaria, de ervas aromáticas. Era curiosa, mais uma vez, a sensação de hortelã. Mastigava-se uma mistura temperada por tomilho, pelo alecrim, pelos oregãos, pela pimenta. No final explodiam (isso mesmo), na boca, flores de coentro (alguém já sentiu essa sensação?). Fino no trato, com a acidez a não deixar cair o vinho. Suportava-o bem.
Um vinho que evoluiu bem (muito bem mesmo). Estava calmo e não tinha tiques de sobre-maturação. Verdade seja dita, não consegui apanhar qualquer dose (exagerada) de fruta. Vou penitenciar-me. Nota Pessoal: 17
Post Scriptum: Penso muito nas minhas comparações. Quando as faço, acredito nelas, mesmo sabendo que corro riscos em tornar-me patético.
Post Post Scriptum: Touriga Nacional (35%), Tinta Roriz (30%)
Touriga Franca (15%), Tinta Amarela (10%), Tinta Barroca (5%) e Tinto Cão (5%).
Terra no nariz, cheio de árvores e de arbustos por todo o lado. Era forte, muito intensa a carga vegetal. Estranho não é? Um vinho daqueles lados não devia cheirar tanto a isto, não acham? Pelo menos a região assim indicia. Continuamos no mesmo registo. A imagem adensa-se, completa-se, com cogumelos, com terra negra revolvida. Um vinho com boa dose de sobriedade. Continuemos, vasculhemos mais um pouco. Pedras, cantaria. Aqui sim, percebe-se. Era o granito e o xisto a falarem. Um pouco de menta, de balsâmicos cumpriam a função de refrescar, de alegrar. Um conjunto aromático que revelou nobreza e boa dose de complexidade.
Os sabores estavam cobertos de especiaria, de ervas aromáticas. Era curiosa, mais uma vez, a sensação de hortelã. Mastigava-se uma mistura temperada por tomilho, pelo alecrim, pelos oregãos, pela pimenta. No final explodiam (isso mesmo), na boca, flores de coentro (alguém já sentiu essa sensação?). Fino no trato, com a acidez a não deixar cair o vinho. Suportava-o bem.
Um vinho que evoluiu bem (muito bem mesmo). Estava calmo e não tinha tiques de sobre-maturação. Verdade seja dita, não consegui apanhar qualquer dose (exagerada) de fruta. Vou penitenciar-me. Nota Pessoal: 17
Post Scriptum: Penso muito nas minhas comparações. Quando as faço, acredito nelas, mesmo sabendo que corro riscos em tornar-me patético.
Post Post Scriptum: Touriga Nacional (35%), Tinta Roriz (30%)
Touriga Franca (15%), Tinta Amarela (10%), Tinta Barroca (5%) e Tinto Cão (5%).
Comentários
Ainda está na curva ascendente? Decantaste o vinho? Quanto tempo?
Em relação ao que o AJS disse, 8 anos é pouco tempo a nível de guarda, é no entanto bom saber que estes vinhos estão no bom caminho...e que esse caminho continue :)
Em relação a 2006 também concordo, acho a maioria dos vinhos "topo" do Douro fraquitos (com excepção do Poeira). Foi me dito por um dos produtores que é uma ano diferente e que merecia ser engarrafado...OK, mas os preços deveriam descer. Eu pessoalmente acho 2006 o ano francamente mais fraco do século...e olhem que eu gostei de muitos vinhos do "mal fadado" 2002.
Um abraço,
Sobre a colheita de 2006, apenas tenho o Pintas (também já provei o Poeira 2006).
De qualquer modo e olhando para a nossa recente história, parece-me que 8 anos/10 anos de guarda podem ser bons sinais no que respeita à evolução de alguns dos nossos vinhos.
Abraço forte desta terras brasilis.
Cumprimentos
Há muito tempo que não bebo um Vale Meão, porque não tem calhado. Relativamente à nota, ela continua a parecer-me bem enquadrada, tendo em conta os vinhos que vou bebendo. Aliás, deixei de classificar vinhos, porque achei que não fazia qualquer sentido para mim. Contudo, e como disse, há muito tempo que não bebo vinhos da Quinta de Vale Meão.
Costumo dizer que por razões que não conseguimos perceber, temos mais inclinações para este ou para aquele. Muitas vezes alicerçadas em argumentos pouco válidos, muito impulsivos e bastante incoerentes. O nosso estatuto, de consumidores, permite-nos ter esta visão, este olhar.
De qualquer modo, ao fim de muitos anos, nós já não somos os mesmos ;)
Um grande abraço
Grande abraço