É apenas mais um vinho que faz (fazia) parte da minha vida como enófilo. É, no entanto, mais um caso de paixão (quase) morta. Depois da Colheita de 2003 comecei a desviar o meu olhar. Raramente olhava para as botelhas que estavam encalhadas na cave. Parecia que a chama estava irremediavelmente apagada.
Num acto de fúria, de desespero, peguei numa garrafa e tirei de lá de dentro o recheio. Era um tinto cheio vida, que mexia no copo de forma elegante, sóbria. Parecia que tinha estado à espera para bater-me na boca, colocar-me de joelhos e provocar um pedido desculpas pela ligeireza dos meus pensamentos.
Os cheiros mostraram subtilezas. Vagueavam descontraidamente por entre os vernizes e a cera. Um pouco de madeira velha. Passaram, depois, pelos balsâmicos. Ciprestes e umas quantas folhas de eucalipto caídas pela terra negra davam imensa frescura. Quase que refrescavam as minhas ventas. Olhei, mais para dentro, e deslumbrei, lá no meio, a fruta. Madura e escorreita. Temperada pela especiaria. Tudo tão limpo. Rodei o copo, lentamente, sem pressas. Deixei-o aquecer (só um pouco). Surgia, então, o tabaco, o cacau, o café. Com meiguice, meio melódico. Era como se fosse um calmante para alma do enófilo.
Os sabores estavam vivos. Não enxerguei, ainda, o fim deles. Mais uma vez ouvia-se a mesma melodia (desculpem-me este excesso). Era um misto de fruta, de torrefacção, de especiaria. O final estava coberto de graciosidade. Pelo meu lado a coisa só terminou quando a última gota desapareceu na goela. Um tinto que evoluiu (durante 8 anos) de forma honrada, merecedora de elogios. Tudo tão calmo. Nota Pessoal: 17
Post Scriptum: Porque será que as novas colheitas (ex: Touriga Nacional, Vinha da Ribeira, Vinha do Pombal) não despertam tanto interesse? Será que os caminhos que trilham têm assim tantas encruzilhadas que confundiram o consumidor? Há assuntos que não entendo. Para mim, perderam o glamour do passado.
Os cheiros mostraram subtilezas. Vagueavam descontraidamente por entre os vernizes e a cera. Um pouco de madeira velha. Passaram, depois, pelos balsâmicos. Ciprestes e umas quantas folhas de eucalipto caídas pela terra negra davam imensa frescura. Quase que refrescavam as minhas ventas. Olhei, mais para dentro, e deslumbrei, lá no meio, a fruta. Madura e escorreita. Temperada pela especiaria. Tudo tão limpo. Rodei o copo, lentamente, sem pressas. Deixei-o aquecer (só um pouco). Surgia, então, o tabaco, o cacau, o café. Com meiguice, meio melódico. Era como se fosse um calmante para alma do enófilo.
Os sabores estavam vivos. Não enxerguei, ainda, o fim deles. Mais uma vez ouvia-se a mesma melodia (desculpem-me este excesso). Era um misto de fruta, de torrefacção, de especiaria. O final estava coberto de graciosidade. Pelo meu lado a coisa só terminou quando a última gota desapareceu na goela. Um tinto que evoluiu (durante 8 anos) de forma honrada, merecedora de elogios. Tudo tão calmo. Nota Pessoal: 17
Post Scriptum: Porque será que as novas colheitas (ex: Touriga Nacional, Vinha da Ribeira, Vinha do Pombal) não despertam tanto interesse? Será que os caminhos que trilham têm assim tantas encruzilhadas que confundiram o consumidor? Há assuntos que não entendo. Para mim, perderam o glamour do passado.
Comentários
Provamos alguns em conjunto, e o certo é que hoje em dia foram vinhos que deixaram de ter aquele brilho que tinham antes... ou pela mudança de garrafa e rótulo ou mesmo pelos retoques que o perfil teve entretanto... eu pessoalmente venero os antigos e ''esqueço'' os novos.