Não recordo a última vez que comprei a Blue Wine (Agora é Wine - A Essência do Vinho). Já lá vão mais de 24 meses que trouxe o último exemplar para casa. O que ia sabendo era feito à socapa, desfolhando clandestinamente as páginas (nas prateleiras das tabacarias). Deste modo meio pirata, tipicamente português, ia vendo o que a malta do Porto dizia.
Era, e ainda é, uma revista que pouco dizia. Pessoalmente nunca consegui olhar para ela como um produto destinado ao consumidor que pretende aprender, saber mais um pouco. Falha redondamente. Para quem se inicia nas lides, perde a vontade com o que lê.
É demasiada perfeita, com cores e formas que vão para além da imaginação. Diria de outra forma, vão para além da vida ruim que levamos neste inóspito mundo. A sua beleza gráfica incomoda e acredito que possa ter propensão para a inveja.
As reportagens, quase sempre, derivam de lugares longinquos, de realidades completamente alternativas e quiçá abstractas. Em alguns casos roçam a realidade científica. Propõe coisas para meia dúzia de pessoas. Um pouco de eclectismo, se calhar, não ficava nada mal. Não sei. Evitava-se muito ciúme.A Wine safa-se com os artigos de Rui Falcão, que continuam a despertar interesse. Textos com alma, apaixonantes, inteligíveis para um tipo normal. São capazes de alimentar o bichinho do enófilo mais imaturo.
Os vinhos, assunto onde invisto mais, surgem admiravelmente alinhados com notas superiores a 16. Não descortinei qualquer vinho com nota inferior (não são chamadas para aqui as notas de prova de Rui Falcão sobre os Espumantes da Murganheira). Onde estão aquelas notas minimalistas que, às vezes, animavam os comentários do povo? Desapareceram? O chorrilho de vinhos com 17 valores e 17,5 valores é impressionante (muito comparável ao mundo bloguista). Para quem anda na vida desatento, fica com a ideia que temos os melhores vinhos do mundo. Um pouco de deflação, aqui, não ficava mal.
Para os Brutti, Sporchi e Cattivi (grande filme), a Wine continua a ser um produto vistoso, cheio de cores, onde tudo reluz, cintila em demasia. Fica a ideia que, através de todo esse espectáculo, falta muita coisa.
Post Scriptum: A edição comprada foi a número 32, Fevereiro de 2009.
É demasiada perfeita, com cores e formas que vão para além da imaginação. Diria de outra forma, vão para além da vida ruim que levamos neste inóspito mundo. A sua beleza gráfica incomoda e acredito que possa ter propensão para a inveja.
As reportagens, quase sempre, derivam de lugares longinquos, de realidades completamente alternativas e quiçá abstractas. Em alguns casos roçam a realidade científica. Propõe coisas para meia dúzia de pessoas. Um pouco de eclectismo, se calhar, não ficava nada mal. Não sei. Evitava-se muito ciúme.A Wine safa-se com os artigos de Rui Falcão, que continuam a despertar interesse. Textos com alma, apaixonantes, inteligíveis para um tipo normal. São capazes de alimentar o bichinho do enófilo mais imaturo.
Os vinhos, assunto onde invisto mais, surgem admiravelmente alinhados com notas superiores a 16. Não descortinei qualquer vinho com nota inferior (não são chamadas para aqui as notas de prova de Rui Falcão sobre os Espumantes da Murganheira). Onde estão aquelas notas minimalistas que, às vezes, animavam os comentários do povo? Desapareceram? O chorrilho de vinhos com 17 valores e 17,5 valores é impressionante (muito comparável ao mundo bloguista). Para quem anda na vida desatento, fica com a ideia que temos os melhores vinhos do mundo. Um pouco de deflação, aqui, não ficava mal.
Para os Brutti, Sporchi e Cattivi (grande filme), a Wine continua a ser um produto vistoso, cheio de cores, onde tudo reluz, cintila em demasia. Fica a ideia que, através de todo esse espectáculo, falta muita coisa.
Post Scriptum: A edição comprada foi a número 32, Fevereiro de 2009.
Comentários
Não querendo fazer de advogado de defesa da Wine, até porque concordo contigo na maioria dos aspectos que focas, há muitos vinhos com notas inferiores no final da revista. Não sei se foi o caso nessa edição que compraste.
De início os que aparecem são sempre uma espécie de "melhores por categoria". Mas no fim mostram todos os que provam e já lá vi notas bastante medíocres. Aliás, já cheguei a ver notas "abaixo de cão" em alguns vinhos, que considero bastante injustas, em que noutras publicações têm notas bem mais altas.
Abraço,
Nuno Monteiro
Um abração
Concordo basicamente no que dizes.
Sitios e vinhos que dificilmente provarei, muito pouca quantidade de vinhos provados onde faltam os exemplares "para gente normal", falta de profundidade nas provas temáticas (quando as há). No fundo segue/seguia a linha da Blue, muito elitista.
Por falar nisso, nunca mais vi à venda a nova Wine, pelo menos nos sitios do costume.
Abraço
Mas acredito no que dizes e, agora que penso melhor nisso, as notas têm sido mais boazinhas ultimamente. Os provadores (pelo menos os que escrevem as notas de prova) têm variado e, com isso, as notas de facto têm melhorado nos últimos tempos.
Nuno Monteiro
A blue é sem duvida uma revista que queria ser moderna, diferente e polémica, só que o que lá encontramos é uma revista cor de rosa no mundo dos vinhos. Com alguns artigos interresantes sem duvida, é pouco para uma revista dita de vinhos, onde tudo o que a rodeia é cor de rosa e chique. Tambem comecei a comprar mas passado algum tempo, não mais a comprei, pois não me chama atenção...e assium perderam mais um leitor que não gosta do cor de rosa.
Abraços
www.conversasdecaf-pacheco@blogspot.com
A Revista de Vinhos é também "acusada",em alguns sitios e sites de inflacionar as notas de alguns vinhos.
Notas abaixo de cão, na supracitada ,revista também são muito raras.
Um Abraço
Não vejo qualquer mais valia numa revista que mais parece um almanaque de fotografias, onde as provas temáticas são o que são e as notas de prova são poucas para a quantidade de vinho que temos em Portugal.
Fútil o quanto baste, apoiada num deslumbramento fotográfico que morre à segunda olhadela, claramente para gente que não gosta de ler muito.
Como sou amigo do ambiente deixei de comprar porque fazia muito lixo aqui em casa.
Fico na dúvida se a revista têm muitos consumidores.
Provavelmente terá alguns, afinal de contas a "malta" quer é realidades virtuais, cor de rosa, fúteis, facilmente consumiveis, de leitura fácil mas vazia, apelativa aos olhos mas atrofiadora de neurónios, enfim para chatiçes já nos basta aturar o dia-a-dia.
Let's dream!
PS- Caneco ó Pingus, só sabes falar mal...Marreta!