Que se lixe! Apetece-me, outra vez, falar de coisas da terra, de assuntos do mundo. Quero lá saber de vinhos e comida sofisticada.
Anda meio mundo a falar e a pedir, de joelhos, coisas finas. Querem alimento elaborado, querem vinhos pouco extraídos e com supless (é assim que se escreve?). É fino! Provavelmente só meia dúzia de gajos conseguirão saber, verdadeiramente, o que isso é. O resto vai atrás em rebanho. Chocalham em harmonia. Apenas palavreado! Vazio de sentimento. Usam palavras que afligem. Muitos (como eu) nem sabem onde estão as vinhas, onde pastam as ovelhas, o que comem as galinhas. Infelizes!
Anda meio mundo a falar e a pedir, de joelhos, coisas finas. Querem alimento elaborado, querem vinhos pouco extraídos e com supless (é assim que se escreve?). É fino! Provavelmente só meia dúzia de gajos conseguirão saber, verdadeiramente, o que isso é. O resto vai atrás em rebanho. Chocalham em harmonia. Apenas palavreado! Vazio de sentimento. Usam palavras que afligem. Muitos (como eu) nem sabem onde estão as vinhas, onde pastam as ovelhas, o que comem as galinhas. Infelizes!
Quero, apenas, um vinho que saiba bem! Quero, apenas, comida que saiba bem.
Depois é pecado botar no discurso palavras sobre tradição. Pode indiciar, segundo eles, falta de educação, falta de polimento. Atraso. Que seja! Olhei para o céu e agradeci uma galinha estufada (morta na madrugada) sobre batata. Puro, limpo e simples. Talvez simplório. Que seja! Não quero saber.
No copo (tosco e sem pé) escorreu um vinho do lavrador. Castas? Touriga Nacional, Tinta Barroca, Touriga Francesa, Tinta Pinheira, tinha um pouco de Rabigato, de Viosinho. O homem sabia muito. A vinha era idosa, verdadeiramente idosa. Mas havia um problema. Não tínhamos rótulo, não tinha nome. Não dava para meter pirraça aos outros. Com humildade, calei-me. Terminada a conversa fui esticar-me, dormir A posteriori, com a face ruborizada, cheia de satisfação. Em paz.
Foram prazeres inocentes, despidos de luxos aparvalhados. Os velhos não pediram nada em troca.
Termino com um ajuntamento de palavras minhas: Mais um retalho de um mundo que caminha, a passos largos, para a extinção. Entristece-me ver os aplausos.
UpGrade: Faço um pedido. Quais são os vinhos extraídos, super potentes, que andam por aí? Todos falam, eu falo, eles falam. Gostava de ver nomes em cima da mesa. Será possível? Ou vamos ficar, como sempre, pelas teorias?
Depois é pecado botar no discurso palavras sobre tradição. Pode indiciar, segundo eles, falta de educação, falta de polimento. Atraso. Que seja! Olhei para o céu e agradeci uma galinha estufada (morta na madrugada) sobre batata. Puro, limpo e simples. Talvez simplório. Que seja! Não quero saber.
No copo (tosco e sem pé) escorreu um vinho do lavrador. Castas? Touriga Nacional, Tinta Barroca, Touriga Francesa, Tinta Pinheira, tinha um pouco de Rabigato, de Viosinho. O homem sabia muito. A vinha era idosa, verdadeiramente idosa. Mas havia um problema. Não tínhamos rótulo, não tinha nome. Não dava para meter pirraça aos outros. Com humildade, calei-me. Terminada a conversa fui esticar-me, dormir A posteriori, com a face ruborizada, cheia de satisfação. Em paz.
Foram prazeres inocentes, despidos de luxos aparvalhados. Os velhos não pediram nada em troca.
Termino com um ajuntamento de palavras minhas: Mais um retalho de um mundo que caminha, a passos largos, para a extinção. Entristece-me ver os aplausos.
UpGrade: Faço um pedido. Quais são os vinhos extraídos, super potentes, que andam por aí? Todos falam, eu falo, eles falam. Gostava de ver nomes em cima da mesa. Será possível? Ou vamos ficar, como sempre, pelas teorias?
Comentários
potentes, extraídos, há muitos (e muito)...
cortes de cima, sobretudo o «incógnito» / todos os da quinta das tecedeiras / idem para os esmero, pelo menos de 2003 em diante / penfolds rwt (menciono este por ser dos poucos australianos de bom porte fáceis de encontrar em portugal)...
agora «demasiado potentes, hiper-extraídos» (ah, ui!, que não se pode com eles)...
isso já será mais relativo. há gostos para tudo.
Em relação aos dois nomes avançados,gosto muito...
Quanto a vinhos fortes, brutos e potentes, que tal um Quinta de Baixo Garrafeira 2004 (Baga, pois claro, a casta mais bruta que conheço), um Quinta dos Roques Touriga Nacional 2005 ou um Kolheita 2003? Três vinhos muito pouco suaves e que, na minha opinião, não foram feitos para agradar a gregos e a troianos.
Um abr
NF
Mais simples que isto, não há.
Abraço.
ps: este é daqueles vinhos que ainda se pode comprar duas garrafas, devido ao preço. Uma para beber, outra para guardar. Por exemplo o Batuta, nem uma quanto mais duas :)
1 Abraço
Um abraço,
Pedro Guimarães
A que durante os primeiros anos de vida do enófilo o mesmo seja sistematicamente enganado e levado para o campo oposto... um campo mais guloso e fácil, facilmente dominado por interesses comerciais.
São esses mesmos interesses e interessados que depois abrem a boca de espanto quando lá de fora as notas não são do agrado e normalmente baixam consideravelmente tendo em conta aquilo que cá se faz, diz e atribui.
Pessoalmente não consigo ter um "olhar rectilineo"! Em teoria gosto de vinhos "suaves", mas em muitas ocasiões dou comigo apreciar algumas (só algumas) bombas.
Mas porque não são exemplos de potência? De extracção?
Potência e (ultra)extracção não têm de ser sinónimos!!!
(digo eu)
Um abr
NF
PS - Já agora, alguém provou o Kompassus, a nova marca do João Póvoas da Bairrada (mesmo dono da Quinta de Baixo) e que foi considerado como um dos melhores vinhos do ano passado? Provavelmente será um crime beber um vinho deste tipo com esta idade, mas gostava de saber se alguém já provou este vinho e se vale a pena os 40€ que pedem por ele.
Abandonado 2004- Grande vinho, conseguia estar a cheirar e a beber este vinho todos os dias que não enjoava, uma grande bomba.
Vinha do Lordelo 2003 - um bom vinho elegante, não o considero uma bomba mas sim uma bombinha.
Oboé - não provei
Vinha de Saturno - não provei
Amália Garcia 2006 - Uma verdadeira bomba em todos os sentidos, notava-se um pouco o alcool por isso penalizei-o.
Marias da Malhadinha 2004 - tive a mesma impressão do Amália Garcia.
Pintas - O ano que mais me impressionou foi o de 2001 (bomba) os outros nem por isso.
Quinta de Lemos - não provei
Vale da Corça - não provei
Quinta de Macedos 2001 - Um vinho que gostei muito, mas não considero uma bomba de extracção.
Robustus 2004 - Grande bomba em todos os sentidos da palavra, aroma, boca e final resplandecente.
Depois poderia indicar diversos vinhos australianos e espanhóis que são verdadeira bombas extremamente extraídos e potentes e gostei: Molidocker Carnival of love 2006, Two Hands 2004 e 2005, Finca Sandoval 2005.
Extraídos e potentes mas com elegância é o que eu gosto.
Vinhos que tenham aroma a farmácia e iodo são muito penalizados no meu gosto pessoal.
esta é a minha opinião. Vale o que vale.
Isto são indicações de vinhos extraídos ou vinhos potentes?
É que não é bem a mesma coisa pois não?
E no meu entender estão ai 2 vinhos que não são nada extraidos. Macedos e Robustus
Macedos é garantidamente uma potência impressionante, uma força da natureza
O Robustus mais profundo, mais intenso mas não extraído Nem mesmo na côr, pois é logo um indicador.
É que não dá para extraír tudo sem extraír a côr né?
O texto inicial é para mim uma falta questão, cada um gosta do que gosta e pouco mais há a dizer sobre isso.
Os vinhos com extracções extremas ou acentuadas são um perfil de vinho hoje em dia mas vingará ao longo do tempo? Só mesmo o tempo o dirá.
Para mim, desde que seja um bom vinho, marcha....mas o equilibrio é fundamental
Coloquei esses vinhos em estilo provocatório. Falamos muitas vezes em potência e extracção e parece-me interessante discutir estes conceitos através de vinhos e não teoricamente!
E como diz e bem, tudo se resume a uma questão de gosto. Mas se ficarmos por aqui, isto não tem graça e o assunto encerra-se num instante.
Um abraço