Peter Lehmann Stonewell Barossa Shiraz 1995

O seu comportamento era caracterizado pela provocação. Teve a lata de espicaçar os sentidos, levando a imaginar as coisas mais díspares. O mais absurdo é que nunca levantou a voz, não mostrou decotes. Muito afectuoso.
A especiaria (cravinho?, pimenta?, coentro seco?, canela?) e o chá (de tília?, de lúcia lima?) davam-lhe um ar muito exótico. Decididamente não era de cá. As pistas largadas, indiciavam sugestões longínquas.
Caixa de rebuçados foi aberta e lentamente fogem de lá aromas doces. Caramelo e alcaçuz (ou coisa parecida). Provavelmente erva doce. O mais certo é ter confundido tudo.
Alguma madeira envernizada. A presença de um circunspecto lado mineral e balsâmico proporcionou-lhe frescura e aumentou a sua complexidade (que era grande).
A fruta vinha embebida pelo licor de anis (que foi adormecendo a mona). A loucura saltou-se e nunca mais tomei atenção ao que saía do copo. Era cheirar, farejar quase sem regras.
Deu a entender que, a dada altura, tudo era permitido.
Na boca, tal como no nariz, sensual e tentador. Longo, envolvente e guloso. Mas sempre num registo equilibrado e aprumado. Desde a entrada até à saída, ele manteve-se gracioso, com a especiaria, e o floral, a sentir-se por todos os cantos. Nota Pessoal: 17,5

Post Scriptum: É assumidamente uma paixão. Às cegas ou às claras, gosto sempre dele.

Comentários

Transparente disse…
Onde é que andas a comprar estas malhas?

Abraço
PAULO SOUSA disse…
A Austrália ao seu melhor nivel,mas é um vinho que eu diria que tu não irias gostar...Enganei-me...
Pingas no Copo disse…
Paulo, sou um adepto deste vinho. Já provei várias colheitas e não engana. Não é contudo, para mim, um puro exemplo do chocolate, da extracção. Existe aqui muita elegância. Depois evolui bem.
Depois, sabes que às vezes caímos em contradições. :)

Miguel, este 1995 veio de garrafeira alheia. Os outros têm vindo de lá de fora, trazidos por familiares meus a preços muito, muito interessantes (a rondar os 25€)

Um abraço para os dois