Uma terra rude, de extremos. A dureza do chão, do vento, das temperaturas são enormes. O homem, durante séculos, lutou arduamente com a natureza e guerreou entre si. São visíveis as marcas das agruras. Passando pelas bandas, admiramos quem lá vive. Autênticos exemplos de sobrevivência, de coragem. Guerreiros completos.
Cheiros robustos, enérgicos. A fruta estava bem misturada com as flores. Flores simples, do campo. Toques minerais e balsâmicos acrescentaram-lhe vivacidade e alegria. O vegetal recordava a esteva, lembrava a giesta. Uma ligeira impressão fumada surgia, no nariz, de tempos a tempos. Aromas sem artefactos e sem desvios.
Paladar bem estruturado e fresco. A fruta sentia-se por todos os recantos. Um leve mentolado parecia querer potenciar o brilho. Enchia a boca. Sentia-se a raça dele. Os taninos e acidez estavam bem guardados no corpo, quase esmagados pela gordura.
Um vinho que mostrou (muito) carácter, força e presença. Diria que, em certas ocasiões, chegou a ser inquietante. Uma (autêntica) força da natureza. Tem chapado, e bem, a dura região da Beira Interior.
Um Touriga Nacional sem modernices e sem mariquices. Um vinho sem tretas. Simplesmente é! Nota Pessoal: 16
Post Scriptum: Luís Reboredo, Quinta dos Barreiros, Mêda.
Dizem que a nova colheita (TN 2006) já passou pelas barricas de carvalho (francês e americano). Alguém já provou?
Comentários
Li por cá que o Gravato Tinto 2006 tinha ido ás barricas, não foi. Os Gravatos Touriga Nacional fazem um pequeno estágio em cuba com madeira e no caso do 2006 foi feita uma experiência de 75% carv francês com 25% carv americano. Nos meus Gravato touriga nacional não faço intenções de usar barricas, acho que iria tirar o nosso selo de Portuguesismo, ele é austero e duro e creio que assim será por muitos anos. A ligeira madeira que leva é precisamente para acabar o vinho, torná-lo mais aveludado, e para descansar bem na garrafa...desde já agradeço a crítica feita, porque na realidade a Beira Interior tem tanto de bela como de difícil...
Um tchim tchim com Gravato...
Luís Roboredo
Um abraço Cordial
Um abraço Luís