Julgo que estamos atalhar por caminhos um pouco enviesados e que poderão afastar muitos enófilos da causa. Dito de outra forma, usando outras palavras, estamos a ficar demasiado agarrados às redes sociais, aos mecanismos de ligação internáutica. Nascem como cogumelos, após uma chuvada, clubes, agrupamentos, sítios, malhas que desviam o homem do simples e puro contacto.
Reconhecendo a importância de tal fenómeno, e não querendo transformar-me num porta estandarte de tradições passadas, sinto que nesses agrupamentos os temas, em discussão, afastam-se do primodial e empurram-nos loucamente para o meio dos nicks, de perfis, dos Facebook, dos Twitter, dos contactos impessoais. Seria necessário que a comunidade reflectisse sobre o rumo que está a ser tomado. Caminharemos para a prova digital? Iremos acabar todos em casa, fechados numa sala, sozinhos em carne e osso? O copo irá desaparecer?
Não esquecer que o toque humano ainda vale, tal como os encontros mais ou menos programados. As botelhas que levamos debaixo do braço. As conversas, as discussões acaloradas que nascem por causa de um copo de vinho. Pessoalmente tais novidades tecnológicas (não consegui encontrar outra expressão) estão situadas num ponto longínquo. Uma eventual dependência cria medo. Propositadamente crio momentos de afastamento, períodos em que pego nas coisas e afasto-me. Isto não pode ser uma corrida em que anda meio mundo às cotoveladas, empurrando os adversários, para a chegar em primeiro lugar. Não se esqueçam que, ainda, é prazer sentir o cheiro das coisas, ouvir os berros, sentir as gotas a cair pela goela.
Entretanto deixo-vos umas fotos (já devem ter reparado) de garrafas de vinho bebidas num daqueles encontros que vão surgindo aqui. Uma das regras instituídas no burgo é trazer uma garrafa. O pedigree não conta. Acredito que cada uma delas apareceu por uma razão qualquer. No meio surgem surpresas.
Emergiu o Mateus Rosé que fazia anos, muitos anos que não bebia. Efectivamente é puro preconceito dizer mal dele. Mais um sinal do pedantismo que existe. Também fazia anos que não provava o Morgado de Sta. Catherina (colheita de 2007). Revelou-se encorpado mas com suficiente frescura e acidez. Estava à espera de um vinho (mais) marcado pela madeira. O Soalheiro (colheita 2008) um habitué. E ao contrário do que dizem, não consigo encontrar cheiros tendencialmente tropicais. Surge sempre farto de aromas e sabores vegetais e minerais. Um Herdade das Servas Reserva (Colheita 2004) que revelou, mais uma vez, a sua face moderna. Chocolate e fruto preto, amparados pelos taninos e acidez. Desfile encerrado com o Vintage 2007 da Niepoort que deixou alguns dos comparsas de bico aberto.
Ninguém proferiu uma única palavra sobre a socialização internáutica (esta expressão existe?) ou sobre vinhos, eventualmente, virtuais. Apenas assuntos deste mundo.
Como estamos atravessar a época baixa, virei até aqui quando achar conveniente. E vocês falem de vinho.
Não esquecer que o toque humano ainda vale, tal como os encontros mais ou menos programados. As botelhas que levamos debaixo do braço. As conversas, as discussões acaloradas que nascem por causa de um copo de vinho. Pessoalmente tais novidades tecnológicas (não consegui encontrar outra expressão) estão situadas num ponto longínquo. Uma eventual dependência cria medo. Propositadamente crio momentos de afastamento, períodos em que pego nas coisas e afasto-me. Isto não pode ser uma corrida em que anda meio mundo às cotoveladas, empurrando os adversários, para a chegar em primeiro lugar. Não se esqueçam que, ainda, é prazer sentir o cheiro das coisas, ouvir os berros, sentir as gotas a cair pela goela.
Entretanto deixo-vos umas fotos (já devem ter reparado) de garrafas de vinho bebidas num daqueles encontros que vão surgindo aqui. Uma das regras instituídas no burgo é trazer uma garrafa. O pedigree não conta. Acredito que cada uma delas apareceu por uma razão qualquer. No meio surgem surpresas.
Emergiu o Mateus Rosé que fazia anos, muitos anos que não bebia. Efectivamente é puro preconceito dizer mal dele. Mais um sinal do pedantismo que existe. Também fazia anos que não provava o Morgado de Sta. Catherina (colheita de 2007). Revelou-se encorpado mas com suficiente frescura e acidez. Estava à espera de um vinho (mais) marcado pela madeira. O Soalheiro (colheita 2008) um habitué. E ao contrário do que dizem, não consigo encontrar cheiros tendencialmente tropicais. Surge sempre farto de aromas e sabores vegetais e minerais. Um Herdade das Servas Reserva (Colheita 2004) que revelou, mais uma vez, a sua face moderna. Chocolate e fruto preto, amparados pelos taninos e acidez. Desfile encerrado com o Vintage 2007 da Niepoort que deixou alguns dos comparsas de bico aberto.
Ninguém proferiu uma única palavra sobre a socialização internáutica (esta expressão existe?) ou sobre vinhos, eventualmente, virtuais. Apenas assuntos deste mundo.
Declaração do Estado de Espírito do Bloguista.
Comentários
Tenho aqui Ben-u-ron, quer? Prefere 500mg ou mais pesado?
Estou no fim de uma excelente quinzena em Tavira.
Tenho um belo Roriz 2000 da Pellada para o próximo encontro.
Abraço
Tendo em atenção que hoje em dia as empresas começam a olhar para o “social media network” como fonte de informação para conhecer o feedback dos produtos e do perfil dos consumidores e por vezes sobre a concorrência, podendo utilizar os dados recolhidos para o desenvolvimento da estratégia empresarial e do relacionamento com o cliente considero importante a existência dessas ferramentas.
Exemplos disso em Portugal é o produtor Cortes de Cima.
Já reparou que a utilização do blogger é ele próprio uma ferramenta de social media network? E das hipoteses infinitas que estas ferramentas lhe proporcionam ao poder ter acesso a conteúdos que ha uns anos antes eram impossíveis (vinhos novos, notas dos criticos internacionais, etc).
Por último mais uma alfinetada: já pensou que se não tivesse criado o seu blogue se calhar havia uns vinhos que tinha descoberto e que egoisticamente os teria guardado só para si em vez de os partilhar com outros que visitam o seu site? Então não vale a pena perder algum tempo nisto?
E já agora já pensou que algum do seu conteúdo tem sido publicado no http://www.twibes.com/group/drinkedin porque acredito que vale a pena promover o vinho Português (já viu como não sou invejoso). A proposito disto, na semana em que 4 blogues decidiram publicar a critica do Niepoot Vintage Port 2007 (o seu incluido) e eu publicitei as criticas recebi uma mensagem dum Inglês no Twitter a perguntar onde se podia comprar o vinho? Não considera isto fantástico?
As ferramentas de social media network não implicam passar o dia a olhar para o computador mas bem usadas, podem criar condições para beneficiar as empresas, os consumidores e os aficionados.
Se pretender falar mais sobre esta temática teremos oportunidade no encontro do forum da revista dos vinhos ou então na conferência dos bloggers a decorrer no mesmo mês em Lisboa.
E por fim queria dizer-lhe que por vezes as imagens do seu blog aparecem cortadas. Veja lá o que se passa com a publicação.
Vá lá diga qualquer coisa.
Concordo com o disse, em termos gerais. Aliás nunca disse o contrário e sei que formato Blogger é, por si só, uma rede social.
Sou também um frequentador dessas plataformas, se bem que não ligo muito, por várias razões.
Parece-me, no entanto, que em muitos casos a "novidade tecnológica" está a ultrapassar o assunto primordial: o Vinho, não acha? E se repararmos ainda mais um pouco, o universo de frequentadores acaba por ser sempre o mesmo, não acha?
Um abraço e continue.
Sobre as imagens (mais um exemplo do meu relaxe), acredite que não percebo porque é que acontece. Já reparei que tal situação não acontece em todos os PC.
PS- Em princípio não estarei presente na Conferencia de Bloggers, por motivos pessoais. Infelizmente não vai ser possível.
«E se repararmos ainda mais um pouco, o universo de frequentadores acaba por ser sempre o mesmo, não acha?»
Não. A larga maioria (90%+) dos meus visitantes -sitemeter dixit- são googleadores. Procuram um vinho, um produtor, um descritor, uma maneira de dizer alguma coisa...
Desses, alguns, muito poucos, voltam (transformam-se em hits directos). Contudo, são ainda menos os habitués que correm esta talhada de rede de link em link.
"A larga maioria (90%+) dos meus visitantes -sitemeter dixit- são googleadores. Procuram um vinho, um produtor, um descritor, uma maneira de dizer alguma coisa...
Desses, alguns, muito poucos, voltam (transformam-se em hits directos). Contudo, são ainda menos os habitués que correm esta talhada de rede de link em link."
É verdade. O mesmo se passa aqui.
Por acaso não concordo que em alguns grupos virtuais não se fale da temática sobre a qual o grupo foi criado, independentemente da plataforma utilizada.
Há que saber escolher.
Para terminar deixo-lhe um desafio adira ao http://www.twibes.com/group/drinkedin
(Tem de ter uma conta no Twitter) e partilhe a sua paixão pelo vinho.
Assim poupa-me ter andar a publicar as suas criticas por si.
E esse anónimozinho...Multi-opticas "desconto igual à idade"...
Servirá para esse anónimo(zito)?
Abraços
Joel Carvalho (Manos Carvalho)
Falando de vinhos, e seguindo um link daqui, neste caso a Garrafeira Nacional, comprei o Vinha Othon 2006, influenciado por um post teu, e comprei também um Campolargo Pinot Noir 2004, por influência cá do je. Agora só falta abri-las. És servido???
Abraço.
Um abraço
O Geirinhas tem razão! Vocês são uma seca fútil.