Posto isto, e sem perder tempo com comentários ocos sobre objectos ocos (Para seguir com atenção a estória saltem para este tópico. A título pessoal, continuo por saber quem são os ilustres bloguistas e a iluminada crítica britânica que é comparável à Escanção e à Néctar), quero maçar-vos com mais umas linhas sobre um simplório vinho nascido no Dão. Trata-se de um Touriga Nacional Unoaked 2005 produzido pela Cooperativa de Tazem.
O enólogo Pedro Nuno Pereira continua a arregaçar as mangas para que esta Cooperativa consiga dobrar o Cabo das Tormentas. Será dos poucos que, aparentemente, tenta manter vivo o velho carácter dos vinhos do Dão. Só tenho que agradecer. Estou umbilicalmente ligado a toda região.
Apesar do nome transmitir um certo ar de modernidade, o vinho encerrava dentro de si um conjunto de argumentos algo tradicionalistas. O cheiro estava coberto de pinheiro, de sensações vegetais, de musgo. Forte impressão húmida. Leve impressão química. Por meio, notou-se um suave toque a especiaria ou, eventualmente, odores a folhas secas. Rústico, quase rude. No fim de tudo, desabrocharam as flores (influência do rótulo).
O sabor era ácido, seco, vegetal, químico. Nada de modernices aparvalhadas e descaracterizadas. É o que é, nada mais. Quando caía pela garganta abaixo, deixava na boca vestígios secos e vegetais. Precisa de comida pujante. Nota Pessoal: 15
Será, provavelmente, mais um vinho étnico?
UpGrade: Sobre o tópico, já estou (um pouco) mais esclarecido.
Comentários
Esta adega está bem servida em sentido de enologia. É um enólogo de mente aberta, cheio de garra, vale apena conhecer.
Por vezes, simples palavras caem cá dentro muito bem, e as tuas foram uma delas.
Grande abraço
É para isso que cá andamos ou não ?
Abraço
Outra coisa interessante. A freguesia de Cativelo há dez anos atrás, só esta freguesia, fornecia toneladas e toneladas para a Coop. de Tazem, era dezenas e dezenas de pequenos produtores. Ainda vemos a passagem deles pelos terrenos, vinhas velhas, com mais de 40 anos... Agora Cativelos tem apenas 3 produtores e dois deles têm produção propria e engarrafamento. Vai ser assim cada vez mais. Os pequenos produtores estão a ficar idosos, os filhos não querem saber disto para nada, e assim se vão enterrando pequenos projectos, mas que todos juntos faziam grandes vinhos nestas Coop.
É assim, está estipulado o destino. As cooperativas t~em que começar a ser independentes e terão que plantar vinhas próprias, mesmo que isso custe muito.
Um abraço (e desculpa lá escrever isto tudo)
Medalhas? Não valem nada.
Abraço a todos vos.
Estou agora a lembrar-me de um Pedra D'Orca Reserva 1997 (espero não me ter enganado) que fez as delicias de muitos jantares em casa.
Quem é o José Antonio Salvador?
É um critico de vinhos. Escreveu durante muitos anos um Guia e agora (acho eu) escreve na Revista Visão.