São seguramente vinhos do Dão que estão longe das luzes da ribalta. Ser parte integral de uma região que não pertence, seguramente, ao lote dos favoritos (ainda joga em campeonatos secundários) e, mesmo assim, tentar vencer na vida por vias alternativas, acredito que não deve ser tarefa fácil. São vinhos pouco frequentados. São, de certeza, vinhos sombrios e, quiçá, ignorados. Esquadrinhei os meandros da minha memória e não consegui enxergar qualquer presença deles fora das exíguas fronteiras do Dão. Vivem apenas confinados aos circuitos regionais baseados, quem sabe, nas frágeis correntes de amigos.
Para um enófilo, acabam por ser pérolas de valor inestimável. Possibilitam-nos perceber, compreender, interpretar outras visões, outros olhares sobre o assunto. Depois percebemos que existe vida para além da cosmética e que algumas rugas podem dar mais carácter.
Não querendo perder tempo com mais considerações vagas e sem sentido, partilho com vocês o nome dos ditos:
O Abrigo da Passarela Touriga Nacional 2007. A antiga Casa da Passarela mudou de dono. Vai ser obra dura e hercúlea recuperar uma casa com enorme história. Sóbrio e vegetal.
Tazem Reserva 2005. Depois de um período de afastamento pessoal, regressei com força. Estão a surpreender, e muito, os vinhos produzidos na COOP de Tazem. Linha vegetal, com fruta silvestre, caruma e humidade.
Finalmente um medalhado. Quinta das Camélias Touriga Nacional 2007. Floral, mas distante de intensidades desmedidas. Limpo, alegre e saudavelmente ligeiro.
Em comum a secura, a brandura (tão esquecida) e, aqui e além, umas benéficas arestas.
Comentários
A casa da passarela tá em boas mãos agora...O dono tem bom dinheiro para recuperar aquilo não te preocupes :), e se aproveitar os enólogos quem tem em consultadoria (Vines & Wines), poderá fazer coisas engraçadas.
Um abraço
Abraço!
Resta saber se vamos ter vinhos diferenciados ou iguais a tantos outros. É aqui que iremos ver se a quantidade de dinheiro é suficiente para arriscar num projecto diferente.
Sim, tens razão, por vezes o dinheiro não tem grande influencia, mas só para a frente é que se irá constatar isso. Pois, agora sobre o Vines... Talvez fiquem, não digo iguais, mas parecidos a muitos outros...
Um abraço
Os vinhos da coop. de VN Tazem tambem me têm surpreendido pela positiva.
Onde fica a Quinta das Camélias?
O Passarela so provei o rosé, no verao a noite, na festa de Gouveia. O produtor tinha la um stand, mas o representante nao deixo provar o TN. Fiquei chateado e nao lhe comprei nada, apesar de estar curioso em relaçao ao vinho.
Nao sei quem foi burro na historia, mas ficamos ambos a perder...
Abraço
Encomendei ontem Tazem 01 Jaen, isso ainda está bebível? Bebeste ou tens bebido?
Abr.,
An
Aqui, pela zona de Lisboa perdi o rasto a vinhos desta adega.
Alguém conhece ou pode confirmar se continuam bons ?
Entretanto ouvi dizer que encareceram, mas não tenho pistas.
Um gourmet de meia tigela
Desejo partilhar nesta conversaçao. Nâo conheço do Dâo mais que os vinhos das adegas de Mangualde e de Penalva do Castelo, mais quando conhescei, bém pode-se dezir que fora uma muito agradável surpresa. As Garrafeiras de 2003 (Mangualde) e 2004 (Penalva) parescéram-me auténticos canhôes de sabor, os Reservas (2001 Mangualde e 2005 Penalva) gostáram-me também, e os monocastas (TN aínda mais) sâo de alta qualidade. Eu nâo serei quem pense que DOC Dâo té que jogar na "Segunda Divisâo dos Vinhos".
Saudaçoes,
Emilio
Parece-me perfeitamente possível modernizar as gamas de entrada de modo a introduzir o consumidor e ao mesmo tempo personalizar, diferenciar os vinhos de gama média-alta e alta.