Um lote

É uma molhada de vinhos que irão servir para encerrar o ano. Dificilmente virei até aqui martelar na tecla, antes de 2010. Assumidamente vou colocar, por alguns dias, semanas, talvez meses, a brincadeira de lado. Será, quem sabe, um período de nojo, um duro momento de reflexão íntima sobre a importância, para mim, do Pingas no Copo.
Por incompetência pessoal, não tenho arcaboiço para manter-me na crista da onda. Antes que caia definitivamente no fundo do mar (e ele está cheio de despojos), irei recostar-me na palmeira, a descansar, com a prancha ao meu lado e observarei cuidadosamente as habilidades dos outros. Quando tiver vontade de regressar, irão ver, ao longe, um ponto afastado do resto da molhada. Estarei a surfar no meio de correntes contrárias.

Herdade de São Miguel (Regional Alentejo) Colheita Seleccionada 2007. Boa componente vegetal, fresco e apontar a direcção para um consumo franco e contínuo. Nota Pessoal: 14,5
Herdade de São Miguel (Regional Alentejo) Reserva 2006. Um vinho bem trabalhado. Limado, sem aresta. Diria que estava bem polido. Madeira e fruta bem misturadas e a pedirem para ser engolidas. Nota Pessoal: 15

Bétula (Regional Duriense) Branco 2008.
Fruta delicada, suave. Aparentemente bem proporcionada. Tons amarelos, sensações doces, meigas. Flores, pólen. A madeira torna-o mais guloso, mais apelativo. Parece estar integrada. Frutos secos.
O sabor transmite uma sensação elegante, fina. A fruta surge, à primeira vista, envolvida pela madeira. Apetece beber com calma, muita calma. Mas não há bela, sem senão. Ao fim de algum tempo torna-se meio monótono. Nota Pessoal: 15

Fiuza Sauvignon Blanc (Regional Tejo) 2009.
Um vinho de 2009 que pouco é mais do que um belo refresco que levou 18 valores numa dessas revistas da especialidade. De grosso modo pareceu-me pertencer ao lote dos indiferenciados. Fruta, citrinos e uma quase inócua impressão a espargo. Podia ser um vinho de outra coisa qualquer. Nota Pessoal 13
Vale D'Algares Selection (Regional Tejo) Tinto 2008
Fruta muito madura com tiques da madeira nova à mistura. O paladar revelou-se alisado, limpo, carnudo. Pertence ao grupo dos modernaços e prontos a beber. É, efectivamente, um vinho que dispensa comida. Nota Pessoal: 15

Post Scriptum: Vinhos enviados pelos Produtores.

Comentários

Pedro Sousa P.T. disse…
Caro Rui, vou sentir a tua falta escriturária. Pelo menos manda para aí um report do que bebeste pelas festas.

Abraço, e boas festas
Nuno Raposo disse…
Sou um apaixonado pelo mundo dos vinhos e serpenteio de quando em vez os vários blogs existentes em Portugal sobre vinhos, o seu é claramente o meu segundo preferido. Escreve de uma forma "apaixonada", o que o torna diferente. Continue!
o Que é andar na crista da onda? Que objetivos e metas traçamos? Como viramos escravos desses objetivos e necessidade de nos mantermos na crista da onda? Talvez um exercicio intimo de busca de reconhecimento?
Meu amigo, tu tens teu estilo único que faz com que te sigamos, se não diariamente, com bastante assiduidade, Uma forma de expor tuas idéias quase lirca que encanta e te transforma no Mestre da Pena. Dane-se a crista da onda e eventuais criticos, eventualmente a própria falta deles. Continua pelas próprias razões que te fizeram começar a não ser que não encontres mais razão e tesão para isso. Nós, teus admiradores e aprendizes de comentaristas do vinho ficaremos gratos por isso, porém reconheceremos e aceitaremos tua decisão.
Abs e feliz 2010!
FSantos disse…
Caro Pingus Vinicus, não ligue às carpideiras. Continue. As suas opiniões são importantes para muita gente.