Quis recordar numa noite, e em plena Lisboa, a minha efémera passagem pelo Norte de Itália. Relembro, por várias vezes, e com muita saudade, a loucura e a desmedida sofreguidão com que provava inúmeros vinhos italianos. Todos eles, à excepção de um ou dois, afiguravam-se como autênticos desconhecidos. Muitos, infelizmente para a minha carteira, não valiam um chavo.
Enquanto o resto da família procurava as típicas lembranças de viagem para oferecer, olhava embasbacado e siderado para as prateleiras. Por entre muitas dúvidas e incertezas, trouxe uma mala cheia de vinho. Posto isto, regressemos, mas é, a 2010 e esqueçamos as inócuas peripécias vividas por este indivíduo.
Sentados no tradicional poiso do Núcleo Duro, Restaurante A Commenda, foram caindo no copo cinco tintos italianos. Por entre diversas pistas e dicas, que foram sendo largadas no ar, tornou-se visível a incapacidade para acertar na origem dos vinhos.
Vietti Nebbiolo 2006, Argiolas Korem 2005 e Paternoster Synthesi Aglianico del Vulture 2005 assumiram o meu pódio. As suas diferenças centraram-se em questões de estilo, de pormenor. Por isso e por causa disso tiveram a mesma Nota Pessoal (17).
O primeiro da tripla era quase borgonhês, delicado e elegante, refrescante. Um estilo que prende um homem pela delicadeza. O outro estava carregado com muita especiaria e folhas de chá. Profícuo em sensações exóticas e muito perfumado. Último dos eleitos tendia para para o vegetal, para impressões e sensações terrosas e minerais. Seco. Pouco imediato.
O primeiro da tripla era quase borgonhês, delicado e elegante, refrescante. Um estilo que prende um homem pela delicadeza. O outro estava carregado com muita especiaria e folhas de chá. Profícuo em sensações exóticas e muito perfumado. Último dos eleitos tendia para para o vegetal, para impressões e sensações terrosas e minerais. Seco. Pouco imediato.
Do outro lado da vedação, emparelhavam-se os outros dois. St. Michael Eppan Sanct Valentin Lagrein 2004 e Ornellaia Le Volte 06 (naquela passagem fugaz pelo topo da Itália enchi a barriga com ele). O St Michael mais químico, mais húmido. Com muita apara de lápis. Moderno, mais novo mundista. Mentolado, denso e pujente (Nota Pessoal: 16,5), enquanto o Le Volte mostrou-se estranhamente doce, com confeitaria e fruta cristalizada. Valeu pelo sabor que era, para não destoar, seco e sóbrio (Nota Pessoal: 16).
Morta, por enquanto, a minha saudade, tenho que agradecer ao Miguel Buccellato (Enoteca VINOdiVINO La Fattoria) a ajuda que obtive na escolha dos vinhos. Conseguiu, e bem, com um orçamento (muito) reduzido seleccionar um leque interessante e capaz de proporcionar uma prova de elevado nível.
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