Eventualmente, digo eu, nunca pertenceram à primeira liga. Na verdade, e olhando para o ano, não recordo com facilidade vinhos brancos de grande nomeada. A colheita 2000 foi, permitam-me a certeza, essencialmente marcada pelas chamadas bombas tintas (sempre fez confusão o uso desta terminologia guerreira). Mais tarde percebi, acho, que essa expressão definia o estilo e o preço a que eram vendidos esses engenhos enófilos. Emergiam como cogumelos em todos os lados. Passaram a ser o orgulho de cada produtor. Ai daquele que não tivesse, no seu arsenal, uma arma destas. O branco, esse bastardo, servia apenas para refrescar a goela, dar às mulheres e pouco mais.
Volvida uma década, continuamos a ser bombardeados pelos tais projecteis, mas a artilharia parece mais diversificada, com o vinho branco a querer marcar posição forte na estratégia de cada produtor.
Findo o frequente zig zag, lanço para o ar meia dúzia de balelas sobre dois vinhos, brancos, com 10 anos. O Quinta do Cabriz (Dão) Malvasia Fina que surgiu carregado de impressões a leite creme, bem tostado. Com frutos secos, com laranja, com casca de laranja. Conseguiu, apesar de periclitante, revelar-se untuoso, gordo e fresco. O outro, do Douro, Quinta dos Ramozeiros, ergueu-se seco, com mais fruta. Melado, com menta. Fino, talvez quiçá, mais delicado que o Cabriz, mas curiosamente mais interessante.
Foram, e é o que interessa para o caso, dois momentos de aventura enófila. Duas garrafas saudáveis que conseguiram guardar, em condições razoáveis, vinhos capazes de oferecer gozo. As notas, essas malvadas, não apareceram. Não apeteceu. Ó diabo!
Foram, e é o que interessa para o caso, dois momentos de aventura enófila. Duas garrafas saudáveis que conseguiram guardar, em condições razoáveis, vinhos capazes de oferecer gozo. As notas, essas malvadas, não apareceram. Não apeteceu. Ó diabo!
Comentários
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mas o que dizer, gosto de vinho velho
Aliás, foi ele na altura que me aconselhou o vinho.
Ó Barbosa, por acaso também gosto de provar, melhor, beber uns vinhos velhos. Mas falas aí de algumas coisas que nunca tive a sorte de tocar: os colares velhos.
Gostaria das vossas opiniões.
Vinhos verdes com 10 anos? Existem?
Com muita pena minha, não tenho qualquer opinião formada sobre o assunto, porque não tive qualquer contacto com vinhos verdes com essa idade.
Uma vez o João Pedro Araújo da Casa de Cello confidenciou-me que alguns Leira Manca tinham evoluído muito bem.
o último branco de 2000 português que bebi foi o Escolha Vergílio Loureiro de Cabriz que estava completamente arrebentado.
Nestas "idades" a guarda conta muito também...
Abraço e boas provas!
Chapim
Autêntica roleta russa. De qualquer modo, é sempre uma satisfação beber um vinho evoluido em estado/razoável estado de saúde e que dê prazer, é claro.
Um forte abraço
acabo de chegar de Colares, e comprei duas garrafas na Adega Cooperativa de Colares.
Um branco de 2005 e um tinto de 2004.
Nunca provei vinho desta região, devo guardar mais algum tempo ou pelo contrario devo já provar/beber os vinhos?
abraço a todos