Nota-se algum tempo a vontade e o querer de voltar a nascer, de regressar ao mundo dos vivos. Percebe-se, pelo que vamos lendo nos escaparates ou pelos comentários de quem os visita, que as Caves de São João mostram desejo em tornar a serem faladas pelo povo. Perceberam, as Caves, que viver dos lucros e glórias do passado acabaria por acentuar o esquecimento e a sua decadência. Nada volta a ser como era.
Num relance observo que estão, também, a mudar os rótulos. Não perderam o classicismo. São sóbrios, quicá, longe da urbanidade. Sem tiques de pós-modernismos sem sentido e sem lógica. Gostei francamente.
O vinho, uma combinação de Baga da Bairrada com Touriga Nacional do Dão, tenta recriar no presente, perspectivando o futuro, quiçá, os Reservas que tanto enófilo recorda com nostalgia.
É um tinto fresco, cheio de humidade, com fartas sugestões de terra molhada, com muito mato. Com cheiros de flores, com a fruta suculenta coberta por um pouco de fumo. Um toque de pedra dá-lhe rusticidade. Tosta muito suave, baunilha discreta. Depois é curtir e não pensar nos imbróglios da vida mudanda.
Paladar seco, certo e sincero. Nada de esmagamentos ou impressionismos. Feito para acompanhar, estar ao nosso lado, sem protagonismos. Que saudades disto.
Enófilos de outras eras, se andais cansados da moda, juntai-vos em redor deste tinto. É, efectivamente, um clássico renascido. Nota Pessoal: 16,5
Comentários
Convenceste-me.
Abraço
Abraço
Abraço