Esqueçamos a crise, o desespero nacional, a penumbra que se abateu sobre o território, a vontade enorme de abalar para outros lugares. Fugir. Chamem-me covarde! Entretanto, fixem estas imagens. São chocantes, provocadoras, quiçá pornográficas. Reflectem, outra vez, a gula, a abastança, a luxúria, o exagero. Desvairo e sofreguidão. Tudo, mais uma vez, sem modos e sem regras. Loucura.
Pato pingado, barrado com a sua gordura. Tachada de arroz. Batatas. Houve tempo, ainda para empaturrar a pança com uma grossa empada de caça. Já com os corpos cansados, abarrotados, adoçou-se a boca com gelado, fruta e crepe.
Comeu-se muito e bebeu-se bastante, pensando que o mundo iria acabar amanhã. Quem sabe!? Sorveu-se quase tudo, restando meras sobras. Apenas cinzas. Mais uma vez, a coisa foi simples, simplória, mundana, desprotegida de qualquer moralidade, e plebeia. Falou-se alto, gritou-se por vezes. Tudo grotesto e sem regras.
O cenário montando não seria, outra vez, o mais desejado por quem prefere alimento bonito, minimalista, cheio de técnica científica, conversa pausada e linguagem envernizada. Acredito que fosse assolado pela repulsa, pela náusea e pelo medo. É que o povo, apesar de tudo, ainda existe.
Comentários
Caro Rui, pois eu prefero um cenário como o que tú mostras nas fotos!