Dei continuidade ao circuito do Dão Serrano, aquele que habita paredes meias com o enorme muro montanhoso. Foram muitos os locais, os diversos pousos, por onde passei. Em todos eles, tentei interpretar despido de preconceitos as dificuldades de cada um dos produtores, dos enólogos e das diversas gentes que trabalhavam pelos diversos pedaços.
Puros cenários da vida portuguesa, com as angustias, as desilusões e os sonhos. Nada era virtual ou imaginário. O aperto marcava as expressões de todos. Depois de provas e muitas visitas, continuo acreditar que existe no Dão, em outras regiões também, vinho merecedor de ser conhecido, valorizado e vendido, seja ele mais clássico ou moderno.
Caminhou-se junto às linhas, aos corrimões. Olhou-se para os cachos, experimentou-se a uva, verificou-se a madures. As vindimas estão perto e há que acautelar os acontecimentos.
Enquanto as palavras se trocavam, não muito longe, uma língua de fogo, perigosamente teimosa, era combatida. Cenário de guerra...
Puros cenários da vida portuguesa, com as angustias, as desilusões e os sonhos. Nada era virtual ou imaginário. O aperto marcava as expressões de todos. Depois de provas e muitas visitas, continuo acreditar que existe no Dão, em outras regiões também, vinho merecedor de ser conhecido, valorizado e vendido, seja ele mais clássico ou moderno.
Recoloquemos o discurso. Local: Paranhos da Beira, concelho de Seia. Passagem conhecida. Perderam-se as vezes, os milhares de quilómetros feitos, por mim, em redor daquelas bandas. A Quinta do Gonçalvinho é, no entanto, descoberta recente. O francês domina, ou o portugês com sotaque, e a simplicidade de Casimir e Cristelle preenchem as vistas amplas do sítio. Tal como em outras paragens, do Dão, a mata, delapidada pela chama, cerceia a vinha.
Enquanto as palavras se trocavam, não muito longe, uma língua de fogo, perigosamente teimosa, era combatida. Cenário de guerra...
O calor, forte, apertava e os corpos alagados em suor pediam por algo que os refrescasse. Engoliram-se uns fortes tragos de Rosé da Colheita de 2010, resultado da união entre a Touriga Nacional e o Aragonês. Cumpre, bem, a função. Pareceu-me um vinho sadio, fresco, em que o carácter vegetal e a sobriedade pareciam marcar o compasso.
Virou-se o bico e surgiram pela frente os tintos, da colheita de 2010 e ainda em estado de amostra. Tinta Roriz, Blend, Touriga Nacional. Em todos eles, a limpeza é marcante, a suavidade e a acidez viva são parte integrante. As breves passagens pela barrica dão-lhes um feliz toque simbiótico, que os tornará apetecíveis tanto a progressistas, e neourbanos, como aos mais tradicionalistas.
Encerrou-se com um gole de ?. Não, não é engano, é mesmo ?. Com boa tensão, com estrutura e arcaboiço para ser um vinho tinto de ambições maiores. As expectativas de produtor e enólogo são elevadas. Objectivo é fazer do ? o porta-estandarte da casa, o topo, o melhor. E são capazes de ter razão.
Comentários
Agora vamos controlar o ..?.. nas barricas....
Abraço