Agora, julgo, clama-se por vinhos da Bairrada. De mal amada e ostracizada, tornou-se, quase num ápice, em desejo. Passou a ser a terra prometida e os seus pretensos grandes e gloriosos vinhos velhos transformaram-se em produtos de cobiça. O pior será se a quantidade disponível não consegue dar vazão a tantos pedidos. E, entretanto, pouco faltará para vermos a Baga na vez da malfada Touriga Nacional. Vai uma aposta?
Terminado o prefácio, e mesmo que os vinhos em si não sejam novidades para a trupe, não o são de todo, só agora surgiu a oportunidade para repartir, com vocês, dois estilos de vinhos da Bairrada. Ambos da Colheita de 2005.
Um, o Calda Bordaleza, reporta-nos para uma escola mais universalista, mais eclética, sem que, no entanto, haja perca de identidade. É um vinho que, segundo o nome, reproduz a receita de Bordéus. Está numa boa e feliz fase de consumo.
O outro, o Sidónio de Sousa Garrafeira, interpreta um papel bem diferente, mais clássico. É discípulo da linha mais dura. É e será o último exemplar saído de uma vinha que jamais existe. Quem o beber terá uma sensação muito semelhante a esta. A chancela 18 Jancis Robinson, que o rótulo ostenta, parece-me deslocada e provinciana. Não havia necessidade, como diz o outro. De resto, está muito bom e recomenda-se.
Agora é escolher.
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