Fala-se, e muito, sobre a importância do enólogo na feitura, no planear de determinado vinho. Exageradamente, por sinal.
Não menos relevante, quiçá bem mais preponderante, será o papel desempenhado pelo produtor. Homem ou mulher que idealiza um conjunto de ideias quiméricas, um sonho, um projecto. Que ambiciona trazer ao mundo qualquer coisa de valor acrescentado. Eventualmente desavindo e pessoal.
São poucos, no entanto, os produtores que conseguem definir junto do enólogo o que querem, o que pretendem, o que desejam, o que sonharam. Sem hesitações e sem concessões. Raros são aqueles que intervêm com conhecimento de causa sobre a matéria. O António Madeira toca ao de leve no assunto.
A foto é proveniente do site do produtor espanhol Bach. Tem função meramente decorativa do texto. |
Há, não só em PT, qualquer coisa de clube de futebol na gestão de uma empresa viniculturalista (a palavra existe?). Contrata-se, ou tenta-se, o melhor treinador, o melhor enólogo, com o objectivo de ser, aceleradamente, campeão. O problema, tal como no futebol, é que produtor e presidente parecem saber de tudo, menos do negócio que têm nas mãos. A coisa vai correndo, ou não, enquanto há dinheiro. A porca torce o rabo, quando ele começa perigosamente a escassear. E a culpa, tal como no futebol, é de quem? É que nem sempre o Mourinho ganha.
Comentários
Mais um belo post. Mais uma louca reflexão.
A gama de cinzas neste tema é de tal ordem vasta que não posso afirma se estou de acordo com a tua visão ou não.
Mas isso é chutar para canto.
Eu acho acima de tudo que deve haver competência e profissionalismo. O produtor deve conhecer bem o seu nível de conhecimento técnico e do mercado. Deve rodear-se de profissionais capazes, que colmatem as suas próprias limitações seja o enólogo, o comercial, o gestor ou o marketeer. Deve liderar o acto de delinear um plano e estratégia e depois zelar para que todos na estrutura ajam segundo a missão a visão e os valores do projecto.
O mal é somente que mais de metade dos produtores que lerem isto não fazem a menor ideia do que é que estou eu para aqui a falar e é só por isso que os projectos falham.
O mal é que 90% dessa metade ri de desprezo destas palavras.
Quanto ao comentário do Nuno, entendo o que ele diz, mas isso é um pouco utópico. A possibilidade de mudança de um enólogo não é diferente de outras profissões. Pergunto-vos se ambos têm um emprego perfeito onde nunca se contrariam nas tarefas e resoluções. Não? Então porque não se mudam?
É que falam como se os enólogos fossem uma classe com liberdade total e absoluta de movimentação. Não são. Garanto-vos.
Abraço.
Mas não fica a ideia que muitas vezes se pede, apenas: "Faça-me um vinho." Se vende, porreiro. Se não, a culpa é de... :)
Quanto as culpas...ora bem, estou como uma pessoa que conheço, "eu nunca encontro quem lixou, apenas quem foi lixado" e o "lavar as mãos" é desporto nacional :)