A expressão vinho do produtor carrega forte carga negativa que afasta, nos tempos que vão definhando, qualquer consumidor ou individuo, bem vestido e de calçado, mais ou menos, envernizado e com, mais ou menos, tiques urbanos.
Vinho do produtor foi, ou ainda é, expressão usada para o líquido resultante da vinificação de uvas de espécie americana.
É também sinónimo de vinho feito artesanalmente, cheio de arcaísmos, com poucos recursos, trabalhado em adegas ou espaços improvisados. Vendido, depois, a gente que pisa quilómetros em busca de algo que pareça genuíno.
É com estranheza que a mesma expressão não seja usada, de forma literal, por Quintas e Herdades. A opção recaiu noutra com mesmo significado: Produzido e Engarrafado pelo Produtor.
Curioso, acho, é que se mudássemos de cenário e de idioma (com ou sem acordo ortográfico), as mesmíssimas palavras dariam origem a tratados cheios de elogiosos adjectivos. Seriam poucos aqueles que levantariam palavras contra. Esquecer-se-iam as questões de higiene, de rótulos, de inox ou barrica.
Passariam a ser, pois então, vinhos de autores excêntricos, de garagistas sonhadores ou de adegueiros experientes. Naturalmente a junção vinho do produtor escrita e pronunciada em francês, em italiano ou espanhol soa naturalmente de outra forma e saberá, claro, muito melhor no copo. Portuguesismos.
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Um abraço