Queira-se ou não se queira, goste-se ou não dos seus vinhos, e seja qual for a opinião de cada um, João Portugal Ramos é personagem incontornável na modernização dos vinhos alentejanos e portugueses.
A malha tecida por João estende-se ao Ribatejo com a Falua, às Beiras com Foz de Arouce, ao Douro com o draconiano projecto Duorum, esticada recentemente até aos Vinhos Verdes. Mas refoquemo-nos, hoje no Alentejo.
Na cabeceira da mesa, ouviu-se a prelação sobre cada vinho que foi desfilando defronte os olhos da audiência.
Começou-se nos acessíveis Loios, passando pelos consistentes Marquês de Borba, branco e tinto, evoluindo para os Vila Santa, nas versões monocastas e blend, encerrando com o Quinta da Viçosa e Marquês de Borba Reserva.
Marcantes, a titulo estritamente pessoal, o Trincadeira e Syrah de 2009, Quinta da Viçosa e Marquês de Borba Reserva, também da colheita de 2009. Atrevo-me, ainda assim e sem qualquer pejo, a destacar e nomear o Trincadeira. Um vinho primoroso.
Perderam-se alguns minutos, ainda, para falar sobre a (falta) de imagem e difícil implementação dos vinhos portugueses fora das divisórias nacionais, das pressões do mercado retalhista exercidas sobre a fonte, a produção, da pseudo moda que advoga o ressurgimento de vinhos edificados com castas menos imediatas, tal Perrum, tal Roupeiro, tal Rabo de Ovelha. João não reconhece grande interesse enológico. Opinião curiosa, frontal e clara. Como é hábito dizer: sem espinhas.
Alvitrou-se, ainda, a possibilidade de criar um Marquês de Borba Reserva, na versão branco. Há espaço e a gama precisa.
A hora do queijo, do enchido, do azeite. |
Mudou-se de mesa, de tarimba, com o propósito de comer e, desta vez, beber.
O dono da casa a servir. |
Escabeche de perdiz. Equilibrado e sem excessos. |
Um suculento lombo de porco braseado, com umas consistentes migas de brócolos. |
Os brancos da refeição |
Um gigante |
Comida da terra alentejana aparelhada com Vila Santa branco de 2008 e 2009, Marquês de Borba Reserva 2000, vindo de um monstro de vidro, e Marquês de Borba Reserva 1997. Vinhos adultos, bem evoluídos e escorreitos.
E como a narrativa vai longa, perdoem-me pelo maço descritivo, não é costume, lacrou-se o estômago com o Alentejano Duorum Vinha de Castelo Melhor Vintage 2009 *. Perfeito, não acham?
Post Scriptum: Aqui entre nós, e que ninguém nos oiça, seria bem esgalhado baptizar o Vintage Duorum, como o Vintage Alentejano ;)
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