Está calor, em demasia. Não gosto. O ócio, a indolência e a preguiça teimam em rodopiar, e em força, por estes lados. Um peso enorme, uma manta de inércia cobre as mãos, o corpo, a mente. Quase nada, ou nada, se consegue dizer ou fazer de jeito. Um fogacho aqui, outro acolá. Pouco mais.
Que se beba, então, que se desfrute mais uma vez e sem delongas. Que se adormeça, ainda mais, a carne.
Abriu-se, só, mais uma garrafa, alvitrou-se em segredo: só mais uma. Não fará mal. Amanhã, voltar-se-á ao trabalho. E o ciclo, o ramerrão (gosto desta palavra) continuará igual, cumprindo-se sem qualquer expectativa esperançosa os desideratos do dia-a-dia. Pura normalidade.
O vinho, que titula a epístola de hoje, é da Casa de Mouraz, é branco e é do Dão (sei que estão fartos da minha pregação) é cousa com enorme interesse. Líquido com requinte, sedoso e insinuante. Loucamente fresco. Maldito seja.
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