Encontrar um nome que baptizasse o que vou dizer, desta vez foi desafio herculeano para a minha decrépita imaginação. Voltas e mais voltas e deu simplesmente isto: Barca Velha.
O titulo, por si só, será um dos maiores chamariz que alguma vez lancei neste distinto blog. Trará, por certo, uma boa carrada de visitantes, à procura de valentes notas de prova, bem como de uma classificação que ateste, ou não, a comprovada qualidade do referido vinho. Infelizmente, felizmente para mim, nada disso vai acontecer. Irão ficar, apenas, com algumas fotos, meia dúzia de considerandos e pouco mais.
Feito o preâmbulo, digo-vos que apenas bebi apenas duas colheitas de Barca Velha: 1999 e recentemente 2004. Como tal, evitarei qualquer comentário sobre perfis, estilos ou derivações organolépticas. Que fale quem sabe.
Posto isto, para que serve o presente post? Primeiro para fazer pirraça. Segundo para defender a tese que estes vinhos não devem ser bebidos em prova cega. Pessoalmente, tirou-me um terço do prazer que teria se tivesse observado a garrafa, a sua abertura, a sua decantação e depois o seu tombar para o copo. Assim, em tempo algum, teria dúvidas sobre o que estava à minha frente. Terceiro e última razão: Mesmo em prova cega, os comentários, as classificações sofreram do síndrome BV.
O que é o síndrome BV? Simples: sabendo que temos um vinho com tamanho peso estatutário, não há ninguém que não jogue à defesa e potencie para cima as suas anotações. Estou errado? Não creio, de todo. Perante seis vinhos, e sabendo que no meio deles está um chamado Barca Velha, podia ser outro da mesma categoria, o povo será, é incapaz de dizer que não gosta.
Mais fácil seria, se a prova fosse com vinhos da Bairrada, do Dão, das Terras do Sado. Aqui os presumíveis síndromes teria um efeito precisamente contrário: DownGrade. É a chamada gestão de expectativas.
Comentários
O Joker foi o Boca, vinho criado pelos sócios fundadores das Coisas do Arco do Vinho, e apesar de ter ficado em último lugar, revelou possuir um grande RQP. Estamos a falar de um vinho que custa menos de 20€.
O Barca Velha, não foi o vinho que mais gostei, mas ficou no meu top 3. As variações cifraram-se em 0,5 pontos.
Agora, o vinho grande da noite foi, sem dúvida, o Poeira!
Como já perdi a (não quero dizer esperança, é ridiculo almejar tanto de um vinho...) vontade de o provar, digo-lhe que o repasto tem muito bom aspecto e o Poeira e o Vinha do Contador, vinham mais depressa para a minha mesa do que 250€ de especulação vínica.
Mas acredito que deve ser bom!
Compartilho sua opinião: Barca Velha e outros tantos não deveriam ser colocados em provas às cegas. Já tive um arrependimento do tipo quando o fiz com um Meão. A meu ver, perde-se a história do vinho e do produtor, e quando vamos a resgatá-la, já não há vinho na taça. Particularmente, quanto a esse 2004, achei ainda misterioso, com anos pela frente a mostrar o seu poder. O 2000, que bebi no final de 2011, esse sim, já mostrava o esplendor de um Barca.
Grande abraço,
Flavio