Quinta dos Garnachos: Touriga Nacional

Não ligando aos que se escondem por detrás de uma pretensa capa que esconde sentimentos e emoções. E desprezando todos aqueles que se julgam intocáveis, menorizando as gentes que se apresentam incólumes às influências, defendo mais uma vez, e sem qualquer pejo, vergonha ou pudor, a tese: que gosto de A, por causa de uma razão meramente pessoal, emotiva. Tristes daqueles que caminham sobre uma periclitante rectidão que não têm. Julgam ter, mas não têm. Tornam-se ridículos.



Dirão os conhecedores que já conheciam, que sabiam que existia, que isto e que aquilo. Pois que seja. Apenas sabia que era (mais um) produtor do Dão, mais precisamente daquele Dão Serrano, daquela língua de terra que serpenteia por entre o Alto Mondego e a Cordilheira. Aquele pedaço de Terra (não, não é engano) que esconde inúmeros recantos, que carrega histórias e estórias, que está coberta por um misticismo quase ímpar na região.


Um vinho de um produtor que não sei quem é e de que apenas conheço uma pequena placa indicativa espetada algures numa casa igual a tantas outras.



E o vinho? Um Touriga Nacional franco que nos empurra para a terra ou para a Terra. Como queiram. Um vinho tinto (de 2008) descomplexado, desembaraçado, fresco, de estirpe vegetal. Um vinho que vai surpreendendo a cada gole que se dava, que desarmou a (minha) oposição, a (minha) desconfiança, sem violência, sem agredir. Um vinho e um (pequeno) produtor que, caramba, deve ser e tem que ser conhecido. Estes vinhos fazem falta, estes pequenos projectos são necessários. Serão, quem sabe, as derradeiras réstias de uma diversidade que teimosamente vai ainda subsistindo. É também, felizmente, mais um vinho da minha Terra. 

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