Contraditório: Sai um Trinabrancus!

Do blog Amável Vinho que, par da A Palheira do Ti Zé Bicadas, é um dos blogs mais interessantes para ler, e por causa de um Prova Régia, que não é certamente o melhor exemplo, diz-se o seguinte:



Há dias, bebericando com desconsolo o Prova Régia de 2012 (o ex-Bucelas, se não já o anti-Bucelas — não desfazendo), lembrou-me este texto do mestre MEC. Piquinho e tudo. «Enquanto os tintos somam novas glórias, esperanças e curiosidades com cada mês que passa, os brancos tornam-se cada vez mais parecidos uns com os outros; mais adamados; mais frutados; mais parecidos com refrigerantes. Se calhar é bom para quem gosta de beber fora das refeições e quer uma coisa fresquinha e pouco calórica com saborzinho a uva, a um breve passo do recente desmame de Trinaranjus, com a vantagem de se poder passar, à vista desarmada, por figurante do Sexo e a Cidade(...) O vinho branco tornou-se, entre nós, numa bebida de senhoras; num instrumento dietético; num sumo de uva com piquinho; numa desgraça.» Miguel Esteves Cardoso, em Com os Copos (2007).


Apraz dizer, sem grande fundamentação que não estou, em nada, de acordo. Pode ter sido uma verdade, já não recordo, a memória anda cada vez mais caduca, na altura em que o MEC ditou o que ditou. 


Os tintos, sim, têm estado iguais entre si, semelhantes em aromas, em cheiros, em sabores, sendo necessário pagar, por vezes, uns largos euros para ter alguma satisfação de jeito. A normalidade nos tintos tem sido quase dilacerante e cansativa. Os brancos dão (a mim dão) muito mais prazer. São multifacetados e servem tanto para comida vermelha como para comida branca. E depois bebem-se num ápice e fica-se muito mais alegre. Depois ainda há uma snobeira de todo o tamanho em redor do tinto que me parece injustificável.. Isto para não falar que o vinho branco, segundo muita gente, faz azia.

Comentários

Rodrigo disse…
Olha, que tendo a concordar contigo. Entre os tintos, os vinhos estão mais iguais entre si, e entre os brancos portugueses, vejo mais variedade, mesmo que não haja tanta variedade de brancos portugueses no Brasil.
Porém, voltando aos tintos, os portugueses é que costumam nos salvar da mesmice mundial.
Caro Pingus,
Também concordo, embora o Dão e Bairrada me parecem ainda fugir da padronização. Quanto ao comentário do conterrâneo Rodrigo, também concordo que os vinhos portugueses ainda nos tirem da mesmice mundial. No entanto, contamos sim com uma ótima variedade de brancos lusitanos no Brasil (Redoma, Esporão, Santar, Bágeiras, Vallado, Pera-Manca, Colinas de São Lourenço, Primus, Caves São João, Madrigal, Campolargo, os mais conhecidos Alvarinhos, Luis Pato, Coelheiros etc... E até mesmo o grandioso Buçaco Branco!).
Abraços,
Flavio