Uma Imagem: um momento!

Reparem na simplicidade do acto (outra vez). Olhem para simplicidade do copo, da paisagem, meio desfocada. Um acto que, aos olhos dos urbanos mais indefectíveis, parece ser profundamente provinciano, tacanho, despido de qualquer etiqueta, rude. É, certamente, tudo isso. E ainda bem.  


Trata-se simplesmente de um copo, de um copo de tasca, de vidro grosso, carregado de vinho feito por um lavrador qualquer, por homens normais, numa quinta qualquer perdida pelo Dão, pela Beira. O acto que está retratado nesta imagem, nesta foto, é história, é a famigerada tradição. É a história que quisemos esconder, anos a fio, que ignoramos, que quisemos negar até à exaustão. A pretensa procura pela modernidade, pela velocidade, aliada à obrigação de esquecer o passado, levou-nos a desprezar a simplicidade deste acto. Queremos esquecer, literalmente, de onde viemos e como viemos. 

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