Encruzilhada do Dão

As paixões, os amores atravessam crises, momentos de desilusão. Períodos sem esperança. São assolados por dúvidas. São estados de alma normais na vida do mundo. Deste mundo, não de outros.
O Dão está triste. O Dão, eterna promessa, parece desorientado, sem rumo. O Dão e os seus timoneiros, andam perdidos, sem saber o que fazer e por onde ir. Aplica-se a máxima: ao deus dará. Estou acabrunhado com o que se passa, com aquilo que surge no horizonte, com o que vou ouvindo.
 
Fotografia que tirei a um conjunto de considerações sobre o Dão de JPM no seu guia de vinhos. Peço, desde já, desculpas pelo abuso. De qualquer forma, e não pegando no caso em particular, sinto que falta, por vezes, coerência entre o que se diz e o que, depois, se prefere/elege.
Não se comunica, maldito assunto recorrente. Quando se comunica, faz-se mal, faz-se sem frescura, sem alegria, sem vida. Cheira a passado. Maldito passado que só serve para relembrar chavões que não se aplicam no presente. À sombra do passado, que dizem ter sido glorioso, caminha-se por caminhos sem nexo, incoerentes. Reproduzem-se modelos, fazem-se cópias de outras margens. Cópias são isso mesmo: cópias. Produtos sem alma, sem personalidade, sem forma, sem conteúdo.
 
Vivendo de crises em crises identitárias, de Primaveras em Primaveras, o Dão corre o risco de cair nas calendas. Salvam-se aqueles que insistem em investir, ainda, nos sonhos, que procuram a pedra (que pode ser filosofal), que sabem que o caminho é outro e não este.
E eu, mesmo desiludido e coçando a careca, insisto e continuo a beber vinho do Dão. Todo, não. A idade e a vontade não permitem que o faça. Máxima que aplico a muito vinho made in PT. A realidade é transversal, não é só propriedade desta região. Desenganem-se os que pensam assim. Mas, e apesar de tudo, acredito que é única, carregada de potencial. Mas para o parecer, é preciso ser, de facto. Mostrem o que são capazes!
 

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