As paixões, os amores atravessam crises, momentos de desilusão. Períodos sem esperança. São assolados por dúvidas. São estados de alma normais na vida do mundo. Deste mundo, não de outros.
O Dão está triste. O Dão, eterna promessa, parece desorientado, sem rumo. O Dão e os seus timoneiros, andam perdidos, sem saber o que fazer e por onde ir. Aplica-se a máxima: ao deus dará. Estou acabrunhado com o que se passa, com aquilo que surge no horizonte, com o que vou ouvindo.
Não se comunica, maldito assunto recorrente. Quando se comunica, faz-se mal, faz-se sem frescura, sem alegria, sem vida. Cheira a passado. Maldito passado que só serve para relembrar chavões que não se aplicam no presente. À sombra do passado, que dizem ter sido glorioso, caminha-se por caminhos sem nexo, incoerentes. Reproduzem-se modelos, fazem-se cópias de outras margens. Cópias são isso mesmo: cópias. Produtos sem alma, sem personalidade, sem forma, sem conteúdo.
Vivendo de crises em crises identitárias, de Primaveras em Primaveras, o Dão corre o risco de cair nas calendas. Salvam-se aqueles que insistem em investir, ainda, nos sonhos, que procuram a pedra (que pode ser filosofal), que sabem que o caminho é outro e não este.
E eu, mesmo desiludido e coçando a careca, insisto e continuo a beber vinho do Dão. Todo, não. A idade e a vontade não permitem que o faça. Máxima que aplico a muito vinho made in PT. A realidade é transversal, não é só propriedade desta região. Desenganem-se os que pensam assim. Mas, e apesar de tudo, acredito que é única, carregada de potencial. Mas para o parecer, é preciso ser, de facto. Mostrem o que são capazes!
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