Uma grande virtude

Acordei, como quase sempre, meio mal disposto, irritado com mil e uma coisas. Coisas que, por muito tente, ainda fazem disparar os alarmes da impaciência. Impaciência e irritação por não ser capaz de virar as costas a meia dúzia dessas coisas que insistem moer. Impaciento-me com a pobreza intelectual, a decadência da qualidade, a boçalidade escrita e oral que vai existindo, pululando livremente. Que enchem a nossa vida.
Gosto de acordar, tomar café e ler as novidades do dia. Novidades que sejam novidades, que sejam novidades alegres, ler e reler textos bonitos, que façam sentir que vale a pena, que há uma indelével esperança. Mas a porra é que a miserabilidade do intelecto é tão grande que nos coloca, bem cedo, sem vontade de enfrentar o (este) dia. 


Sobra por isso, neste momento, a confiança de que amanhã quando voltar a acordar, mesmo mal disposto, surjam pela frente histórias mais bonitas, relatos mais emotivos e íntimos. Coisas, as tais coisas, que nos alegrem. Até lá, apetece dizer que o cinismo é, efectivamente, uma grande virtude.

Comentários

Anónimo disse…
Gosto de acordar, tomar café e ler as novidades do dia.

Na verdade há vida fáceis. Uns acordam e vão diretamente para e estiva outros bebem café e lêem as novidades do dia.