A homilia de hoje não tem como objectivo idolatrar a ausência do rótulo ou a prova cega que é endeusada ciclicamente, achando que é a única maneira de separar o trigo do joio. Curiosamente o joio é, na maior parte das vezes, considerado comestível, ao coberto de tais actividades honestamente cegas. Atrevo-me a dizer que serve para umas coisas, não servirá para outras. Varia consoante a perspectiva. Lá está a perspectiva. Serve, preferencialmente, se o vinho está dentro da fronteira daquilo que achamos ou pensamos gostar mais.
Independentemente de tudo isso, há vinhos que dispensam o rótulo. Dispensam, porque o conteúdo, o carácter que possuem é incomensuravelmente maior do que qualquer rabisco decorativo que possam vir a ter. Atrevo-me a dizer que prescindem da vestimenta por completo. Quase que seria um acto de arrojo comercial, vender um vinho despojado de toda ou qualquer farpela, tal Adão e Eva.
Estaríamos a sentir apenas o que ele é, sem qualquer distracção pela frente. Naturalmente, e sem qualquer problema, assumo que, neste caso, o quase vi nascer, conheço o seu nome e o rótulo virtual. Que ao fim ao cabo, conheço tudo sobre ele, logo não estou despido de qualquer parcialidade. Mas também não quero. O paralelismo com a relação humana é, por isso, dramaticamente muito semelhante.
Comentários
Todo o vinho devia ser vendido em cubos de cartão sem rotulo. Só variava o preço deles.
Assim ninguém bebia rótulos.
E de certeza que a economia de mercado iria funcionar, não sei para quem, mas iria funcionar de certeza.
Adriano
E não é amostra. Acha que alguém quer amostrar vinhos aqui. ;)