Grandes e Pequenos ou Pequenos e Grandes

Anda uma sensação no ar, para os meus lados, que tenho alguma dificuldade em entender. Sem provas ou factos, vamos situar todo este enredo no universo das percepções estritamente pessoais. Portanto, sem qualquer prova provada
Nas minhas deambulações por provas, eventos, certames, festas e arraiais, tenho sido confrontado invariavelmente com situações que são, no mínimo, caricatas, curiosas ou estranhas. Ao contrário do que seria de esperar, surge pela frente um número assinalável de pequenos produtores que apresentam vinhos com aparente fraca personalidade, estranhamente normalizados, com pouca alma e fugazes. Por vezes, demasiado simples, quase inócuos, não apresentando qualquer valor acrescentado para quem os prova. 


Parece-me que há uma colagem forçada por algum insucesso, ao que os produtores maiores fazem, com o intuito, perfeitamente compreensível, de serem semelhantes a eles, mais consensuais, mais modernos e, deste modo, obterem o maior retorno comercial possível. Mera ilusão. Pior é quando acreditam piamente no que fazem, julgando que estão na linha da frente. Os primeiros, na maior parte dos casos, não possuem marca consolidada, enquanto os segundos estão no mercado há anos, com as suas marcas estabilizadas e firmes. Por isso, julgo, que é absurdo canalizar o foco e os escassos recursos, falo dos mais pequenos, para produtos que não são mais do que iguais entre si e que irão cair fatalmente no saco dos esquecidos ou na secção dos perdidos e achados. Curiosamente ou não, do lado dos maiores, começam a surgir sinais de mudança de orientação da agulha em alguns dos segmentos. Curioso, não?

Comentários

Pedro Cruz Gomes disse…
Mutatis mutantis, parece a mesma argumentação a que recorrem os produtores/exportadores que preferem castas internacionais: "é mais fácil vender vinhos com castas conhecidas...". Será mesmo mais difícil explicar as virtudes de uma casta pouco conhecida do que explicar porque é que um vinho português feito com castsa francesas é melhor do que um vinho argentino, chileno ou australiano feito com as mesmas castas?
Portugal: - Resista! Vocês têm castas incríveis e pouco precisam de castas francesas. Isso não significa bairrismo. É só uma questão de bom senso. Já há ótimos portugueses com Syrah, Cabernet e Merlot. Mas chega! Viva a Baga da Bairrada e tantas outras castas com a cara de Portugal.
Abraços,
Flavio
Sebastião Garcia disse…
Bom dia. Visito este blog de vez em quando e não o sigo ( nem este nem nenhum) mas gosto de ir espreitando para ver novidades, como está esta ou aquela colheita, ver como param as modas, etc, e porque gosto de vinho. E acho interessante a sua forma de escrever. Acho no entanto, e relativamente a este post concreto, porque não nomear alguns exemplos do que fala, exemplos dos bons e dos maus casos? Não seria mais interessante? Até porque haverá muita gente que lê este blog precisamente nesse sentido: usá-lo como uma ferramenta válida para a selecção de bons e maus vinhos. Saudações. Sebastião Garcia
Anónimo disse…
Boa tarde,

- Os eventos nacionais pouco significam na venda de vinhos.
- Por mais eventos que um produtor esteja presente o mesmo não se repercute nas vendas
- As marcas mais conhecidas continuam a vender e as outras fazem o que podem mas não é fácil
- As marcas mais vendidas em Portugal não participam em eventos
- O espectro de vinhos que mais se vende (€ 1-5) não necessita de eventos para se vender
- O que as empresas necessitam é de uma enorme campanha de marketing e dinheiro para isso elas não têm
- Ou fazem vinhos diferentes ou então é difícil terem sucesso
- Em Portugal cada vez mais assistimos a vinhos todos iguais.
- As empresas deviam vira-se para o exterior mas devido às estruturas familiares que têm e desconhecimento do mercado externo raramente tiram proveitos
- Ainda há muitas empresas, muitas mesmo, que vão para uma feira/evento em Portugal ou no estrangeiro à espera de vender sem o trabalho de casa feito
- Há muita gente a promover/vender vinho que não faz a mínima ideia do que está a fazer.

João Bastos
Pingas no Copo disse…
Estimado João Bastos, concordando com quase tudo, excepto quando diz que as marcas (está a falar de empresas? ) mais vendidas não participam em eventos. A minha experiência diz que participam e são, até, as mais disponíveis para estarem presentes.
Anónimo disse…
Caro Sr. Pingus,

Provavelmente, mas tenho que consultar a ACNielsen para confirmar, as marcas mais vendidas em Portugal são Terras del Rei, Real Lavrador e Porta da Ravessa. Nunca as vi em qualquer evento.

JB
Pingas no Copo disse…
A minha dúvida, como deve ter percebido era se estaria a falar de marcas de empresas ou de marcas de vinhos. Sobre as marcas que refere, sou franco nunca reparei se estavam em eventos ou não, principalmente porque não estão no meu foco de interesse.
Anónimo disse…
Quanto às empresas, até há pouco tempo tínhamos o chamado G7 que era constituído por:

Sogrape
Aveleda
José Maria da Fonseca
Finagra (agora Herdade do Esporão)
JP Vinhos (agora Bacalhoa)
Caves Aliança (agora Bacalhoa)
Caves Messias

Supostamente, estas eram as maiores produtoras nacionais. Não sei quais eram os critérios para esta seleção, mas penso que aqui poderiam estar algumas adegas cooperativas e mesmo a Symington ou a Gran Cruz.

Mas das atrás citadas G7, não me lembro de alguma vez ter visto as Caves Messias em algum evento.