O Infeliz Estado do Vinho nos Supermercados

As selecções de vinhos das grandes cadeias comerciais disponibilizadas a todos consumidores é, na sua grande maioria, pobre, miserável, sem interesse, desorganizadas, mal amanhadas, com preços sem sentido, onde algumas promoções aparentam ser, na sua maioria, tudo menos isso: promoções. Em algumas situações o preço verdadeiro do vinho parece ser o da promoção e não o outro pretenso preço que surge rasurado. 
A cadeia Continente/Modelo lidera a olhos vistos e destacada o pódio do virtual desinvestimento na diversidade, na diferenciação, no tratamento cuidado e organizado dos vinhos, com uma política de preços, no mínimo, muito estranha. Olhar para as presumíveis garrafeiras desta cadeia é, em muitos casos, aflitivo. Bisbilhotar as suas prateleiras é, na maior parte das vezes, uma tarefa que se aproxima de um acto puramente masoquista. Sai-se de lá deprimido e angustiado. A Bairrada e o Dão estão votadas completamente ao abandono, sem nada que valha a pena, na maior parte dos casos. Digamos que a aposta é em vinhos de assinatura e reconhecidamente medalhados.


Nas outras cadeias comerciais, a situação não é muito melhor. Salvam-se alguns Intermarché, situados curiosamente no interior do país, o Jumbo/Auchan e o incontornável El Corte Inglès (e Apolónia).
É certo que não voltaremos aos tempos áureos das feiras de vinhos cheias de novidades, com coisas mais ou menos interessantes, que faziam vibrar todos e mais alguns, sem excepção. Mas será tão difícil, impossível, contentar um pouco a minoria silenciosa?
Olhando para este paupérrimo cenário, diria que um blogger teria enorme sucesso, tornar-se-ia até num case study, se se dedicasse, apenas, ao que existe nos enfadonhos corredores que são pomposamente baptizados de garrafeira, divulgando as melhores promoções, com ou sem cartão, aconselhando felizes maridagens, escrevendo eloquentes notas de prova. 

Comentários

Análise correctíssima!!



Anónimo disse…
Senhor,

Deve separar o lado lúdico do lado comercial do vinho.

As grandes superfícies existem para vender produtos e fazer.....dinheiro. Não existem para satisfazer gostos pessoais enófilos ou de outra iguaria qualquer.

As feiras de vinho como existiam davam muito trabalho a organizar para o lucro que daí resultava.

Como hoje em dia servem essencialmente para escoar stocks dos maiores produtores, os quais necessitam urgentemente de esvaziar as adegas e armazéns para alocar as novas colheitas, as grandes superfícies aproveitam esse facto para esmagar preços ao máximo e para vender com o maior lucro possível.

A % de pessoas que bebe vinho, digamos, com real prazer, é diminuta e não justifica o investimento em feiras de vinhos como em alguns espaços se via há uns anos atrás.

Sabe-se, com estudos existentes, que quem compra vinho num grande superfície, fá-lo pelo preço. Não lhe interessa minimamente a sua proveniência.

Cumprimentos,

Santillana
Pingas no Copo disse…
Estimado Santilla, sei separar muito bem o lado lúdico do lado comercial e as minhas palavras vão nesse sentido. Aliás é chocante como o Continente trabalha esta área, ainda por cima com acessoria de um enólogo e critico.

Cumprimentos.
L. disse…
no caso do continente, onde vou com frequência, acho que tens razão particularmente bairrada e dão, quase invisíveis. alentejo e douro até tens algumas coisas.
Pingas no Copo disse…
No Continente o Dão é baptizado como Dão Beirão, como se houvesse outro Dão que não fosse Beirão.
Anónimo disse…
Nem Beirão nem Beira(s).

Essa denominação foi extinta em 1946.
Pingas no Copo disse…
É que está lá (ou estava) Dão Beirão.
Anónimo disse…
Discordo.

Os melhores vinhos são os que se encontram nos supermercados.

Nas garrafeiras só podem ir pessoas muito abonadas. Como em Portugal são poucas, os supermercados fazem um bom trabalho e com muita variedade de escolha.

Jordão
Anónimo disse…
Como é que dizes uma coisa dessas se mostras uma fotografia com uma tão grande variedade de vinhos e num supermercado?

Rodrigo
Pingas no Copo disse…
Sou assim, incoerente.
Pingas no Copo disse…
Estimado "Jordão", estarei então errado.
Anónimo disse…
Se for muito abonado o melhor caminho será o de ir às garrafeiras. De outro modo, está errado.

Jordão
Pingas no Copo disse…
Como disse atrás: estarei errado, logo o "Jordão" (gosto do eventual nome) tem razão.
Anónimo disse…
Leiam isso e tirem suas conclusões:

http://totalharmonicwines.blogspot.com.br/2015/09/a-distribuicao-moderna-no-negocio-do.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/sjBxU+(Total+Harmonic+Wines)
Anónimo disse…
Ainda ontem estive no LIDL e a parafernália de vinhos é enorme. Já experimentou lá ir?

Basco

Pingas no Copo disse…
Ó Basco, Sempre!
Anónimo disse…
Mais pura realidade:

http://www.revistadevinhos.pt/artigos/show.aspx?seccao=reportagens&artigo=16851&title=a-distribuicao-moderna-no-negocio-do-vinho&idioma=pt
André Miguel disse…
O vinho é como qualquer outro produto. Os supermercados oferecem variedade e baixo preço, as garrafeiras vendem menos variedade, preço mais elevado e qualidade superior.
Luiz Henrique disse…
Aqui no Brasil também passamos por situação mto parecida, meu caro Pingus.
Com enotecas (como são aqui chamadas as garrafeiras) em sua maioria caras, supermercados geralmente sem curadoria exibem garrafas sujas e pouca variedade de rótulos.

Entrementes, o e-commerce de vinhos cresce a passos largos, na contramão da crise que aflige o mercado nacional.
Anónimo disse…
Completamente isentas as reportagens citadas acima, não?
Unknown disse…
Boa noite, caros apreciadores de vinho...

Na minha opinião, concordo que certas cadeias de supermercados, desinvestiram muito, nas suas garrafeiras, e o Continente, será um bom exemplo, á semelhança do Pingo Doce, as suas garrafeiras são, completamente desinteressantes e mal arrumadas.
Mas existem bons exemplos o El Corte Inglês, tem uma boa garrafeira, mas com preços demasiado inflacionados, alguns poucos Intermarchês, tem boas garrafeiras á sua dimensão, mas boas, por ultimo o JUMBO/AUCHAN, é das cadeias de super mercados que sempre tratou bem o vinho, com muita dignidade, diga-se, e temos boas garrafeiras nesta cadeia, a loja das Amoreiras, a loja de Cascais e a nova garrafeira do Jumbo de Setubal, no novo Alegro, esforçam-se para apresentar bem os vinhos aos seus clientes.

Ricardo Costa