No meio dos imbróglios em que nos vamos metendo dia após dia, esquecemos a porrada de motivos que temos para comemorar. Muitos deles achamos que não têm a dignidade para ser festejados, comemorados com pompa e circunstância. Para celebrar, pensa-se repetidamente, tem que haver algo grande. Um pequeno suspiro ou o simples facto de respirar, viver e olhar não merecem ou não costumam ter direito a comemoração. Julgamos que são normalidades sem direito a momentos mais ou menos solenes. Direitos.
Creio até que devemos festejar as feridas, as marcas que vão ficando incrustadas no corpo. Lembram-nos os erros, as falhas, as apostas perdidas, as desilusões, os enganos que fomos acumulando ao longo do tempo. São sinais de que vamos sobrevivendo, com maior ou menor dificuldade. Algumas dessas chagas são mantidas, sabe-se lá porquê, ainda abertas, por sarar totalmente. Convém que doam, para não voltarmos a repetir o mesmo. Até essas merecem celebradas. E muito.
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