O que ando aqui a fazer? O que pretendo com isto? O que afinal pretendo? O que queria ou quis ao longo destes anos? Atrevo-me a dizer que quis tudo e ao mesmo tempo não quis nada. E num acto sincero de contrição, reparo que as alarvidades cometidas foram tantas que perdi a conta. Posso dizer, hoje, que tenho vergonha da maior parte delas. Revejo incessantemente o que disse e noto que o disparate e a boçalidade foram a norma. Julguei-me engraçado e ridiculamente conhecedor.
Dez anos depois e após tanta cabeçada na parede, faz-me impressão ouvir ainda dizer que tenho um blogue (agora é perfil de facebook) por mero prazer, porque quero apenas partilhar, sem qualquer interesse, porque gosto apenas, não querendo, vejam lá, nada em troca. Soa a quase sempre a intrujice. Nunca ouvi dizer, nem baixinho, que quero vencer, porque quero ser aquilo que quero ser. Qual é o mal querer a sombra de uma palmeira?
Ao fim de dez anos, faz-me confusão não saber a opinião de quase ninguém, perceber que quase tudo chuta para o lado para não marcar golo. De propósito. Faz-me impressão, cada vez mais, a surdina, a falta de frontalidade e a merda dos jogos de interesse. A viscosidade que vai molhando o chão, ao contrário do que cheguei a pensar, é cada vez maior.
Com o advento das messiânicas redes sociais, potenciou-se ainda mais a inocuidade e a frugalidade, bastando ser bonito ou estar acompanhado por gente bonita, ser presumivelmente porreiro, ser eventualmente fixe e não ter assumidamente convicções sobre nada. Convém também não esquecer que o direito de opinião não é para todos. É e continua a ser privilégio de poucos.
Apetece dizer, ao fim de dez anos, que muito pouco mudou. Apenas o envoltório tem um aspecto mais bonito.
Comentários
Dá-se mais valor a que dispara para todo o lado, independentemente das visões ou gostos pessoais, do que a quem tem conteúdo original e é fiel a si próprio.
Recebe um abraço!
Não comento o post... tu não precisas! :)