Quinta das Marias: Dois Brancos para Memória Futura!

Como referi mais que uma vez, não consigo beber um vinho sem recordar episódios bons ou maus. Não consigo beber este ou aquele vinho, despido de qualquer subjectividade. O vinho, tal como tantas coisas na minha vida, é para ser desfrutado à minha maneira. Não quero saber se é assim ou de outra forma. Cobrir-me de uma objectividade que não tenho e nunca tive é dos actos que mais me violenta, que mais me estropia. É fingir o que não sou. Tem um preço? Tem e é elevado.
Gosto dos vinhos da Quinta das Marias, porque gosto do Peter. Indivíduo com um cavalheirismo exemplar, de uma educação ímpar. E isto afecta o meu olhar sobre os vinhos dele? Claro que afecta. E depois?  


De todo o portefólio, atrevo-me a dizer que não conhecia, salvo erro, estes dois vinhos brancos. Mostraram-me de forma quase exemplar a enorme capacidade que os vinhos brancos desta Quinta, em particular, e do Dão, no geral, possuem para evoluir condignamente ao longo do tempo. Mostraram-me uma verdade la palisseana: andamos a beber vinhos brancos cedo de mais. Tão cedo que, por vezes, acabamos por dizer mal deles, por não gostar deles ou ficar a meia-missa


Fiquei admirado com a enorme saúde e vivacidade que vinhos de 2001 e 2002 apresentaram a todos os níveis, desde a cor aos cheiros e sabores. Ao fim de quinze e catorze anos respectivamente, temos dois vinhos ou duas garrafas, como queiram, que mostraram o que devemos fazer: Esperar. Aguardar para que eles, os vinhos, nos possam apresentar de uma vez por todas as suas virtudes, tudo aquilo para que foram feitos de facto: prazer efectivo e não prazer simulado onde os gemidos são tudo menos verdadeiros.

Comentários