Para quando um prémio para a esquina onde a feijoada leva chispe, orelha e outros quejandos? Onde o cozido é tratado como deve ser? Quando teremos uma condecoração para aquele tipo que não desconstrói (expressão tão em voga, tão refinada, no meio gastrónomo) a caldeirada? Quando iremos ver atribuído um galardão para as mãozinhas que grelham um peixe como deve ser e que no final nos servem sem ser em versão filete minimalista, que antes de começar já acabou?
Para quando um agradecimento aos homens e mulheres que nos apresentam uma batata que é batata, uma couve que é couve, regados ambos só com azeite? Para quando um diploma para a roulote que nos vende ao final da noite uma brilhante bifana, cheia de molho, sem aquelas porras a enfeitar?
Quando veremos elevados à categoria de deuses, aqueles que nos enchem verdadeiramente a barriga, com pedaços de toucinho, de chouriça, de torresmos, de queijo. Em doses fartas e não em amostras holográficas. E já é tempo, também, de elevarmos à categoria de símbolo nacional a entremeada e o courato. Simplesmente grelhados e enfiados numa carcaça.
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