Tenho que vos dizer que nunca fui daqueles gajos com enormes capacidades de prova, nem com especial apetência para escalpelizar um vinho, como se fosse um cirurgião especializado. E nos tempos que já lá vão, quando tinha a veleidade de caracterizar um vinho exaustivamente, a maior parte das coisas que dizia eram, na sua essência, sugestões emocionais, sem qualquer enquadramento com a realidade. Bom, era a minha realidade. Acreditava piamente que estava mesmo a sentir aquilo que estava a sentir. Eram, portanto, actos de enorme fé. Visões, estímulos, sensações. Imaginação e loucura juntas.
Está a ganhar dimensão, estatura à medida que o tempo vai passando. A complexizar-se cada vez mais, mantendo aquele registo que nos diz: não é para todos. |
Mas aqui há dias, lá tive a sorte de adivinhar o que me enfiaram no copo. Tive o atrevimento, vejam lá a coisa, de dizer epá eu acho que conheço isto. O estilo pareceu-me, sei lá, inconfundível. Arrisquei o palpite. E aquilo que estava no copo era mesmo o que estava a pensar que era. Senti-me, como podem imaginar, um provador do caraças, capaz de rivalizar com os mais experientes da nossa praça. É de um tipo ficar inchado de orgulho.
Comentários
Deixo aqui uma dica de amador:
Branco ou tinto as colheitas de 2016 suplantam largamente as de 2015 ou 14....
Mesmo nos vinhos do dia-a-dia é notória a diferença.
Experimentem e depois comparem..