Muros Antigos Escolha 2001

Digamos que foi uma das novidades do ano para mim. Não fazia a mínima ideia que existia. Um vinho que terá sido na altura o reactor para uma nova abordagem ao alvarinho. Podemos afirmar que em dois mil e um, já lá vão dezasseis anos, Anselmo Mendes deu início aos Curtimenta, mas ainda debaixo do chapéu Muros Antigos. Distinguia-se dos restantes pela gargantilha dourada e pela menção Escolha. Certamente passaria despercebido.


Um vinho completamente inusitado na sua concepção (curtimenta total em cuba de inox, fermentando até ao fim com as películas). Na verdade, os vinhos brancos portugueses naquela altura estavam bem longe do reconhecimento interno que hoje possuem. Perfeitamente desenquadrado no que seria a moda naqueles tempos. Um arrojo ou uma loucura. Ou ambos. Diz a história que foi a partir desta combinação que saíram as melhores obras. Quando se fica pelo certo e seguro não se sai da mediania. Tal como ir no meio da multidão, sem saber porque se vai lá. Apenas porque é assim e fica bem. Na altura, segundo se consta, o mercado rejeitou este vinho, por causa da cor mais carregada que tinha.


Não conheci o vinho em novo, como devem ter percebido, chegou-me às mãos em estado laranja. Mas num estado maduro, profundamente personalizado, com uma frescura imensa. Num estado que provavelmente não irá ao encontro da multidão, mas que apaixona todos aqueles que procuram por algo que os desafie, que os provoque. Um vinho com uma dimensão, perdoem-me o exagero, ímpar. 

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