O tempo que um Moscatel ou um Porto passa em madeira (tonel ou barrica) é uma variável muito importante na complexificação deste tipo de vinhos. Muitas vezes, até usamos expressões como engarrafamento mais tardio ou mais recente. Não sabendo muito do assunto e nem querendo tocar em questões técnicas, que estão fora do meu alcance, tenho sido confrontado com vinhos Moscatéis da mesma colheita, mas engarrafados em alturas diferentes, com estados de evolução e complexidade bem diferentes.
Invariavelmente aqueles que estiveram mais tempo de estágio na madeira, sofrendo as agruras da oxidação, são os que apresentam um nível de aromas e sabores muito menos imediatos, bem mais profundos, muito mais interessantes e sérios.
Este vinho Moscatel Roxo é um destes casos. Tenho seguido a sua evolução, desde que foi lançado, e posso afiançar que agora está num estado que o catapulta para o grupo dos melhores Moscatéis da região de Setúbal. A sua imensa frescura, aliada àquele toque a vinagrinho, bem como uma porrada de impressões a especiaria que parece ter, colocam este vinho num patamar onde poucos Moscatéis de Setúbal, da nova geração, conseguem chegar. À excelência. São, por isso, cerca de 20 euros muito bem empregues. E tenho dito.
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