Reparei no outro dia que quatro vinhos tintos da região do Douro (Poeira 44 Barricas 2014, Quinta da Leda 2015, Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo Grande Reserva 2015 e Quinta do Monte Xisto 2015) obtiveram nota 19 numa revista da especialidade. Sem contar com os 18 e 18,5. Já tinha reparado, aqui e além, que outros vinhos tinham, também, sido agraciados com estas avaliações. Não quero, nem pretendo, não desejo, não é minha intenção questionar o real valor dos vinhos e muito menos a seriedade de quem atribuiu as classificações. Fica aqui o aviso público, só para não pensarem, como é hábito, que estarei a desdenhar. Infelizmente no país que vivemos, quase que precisamos pedir desculpas só para levantar o dedo e fazer uma mera pergunta (inha). É o medo da segregação.
Não deixei de reter-me, por momentos, nas páginas da revista Vinhos Grandes Escolhas, num estado que não consegui definir. Devo partilhar com vocês que gostava, um dia, provar estes e outros vinhos do género para compreender a dimensão das classificações deste calibre, num exercício comparativo. Isoladamente, torna-se mais complicado compreender, entender. Acho eu.
Sei que durante anos, era muito mais fácil aceitar que um vinho generoso recebesse 19 valores, do que um vinho tranquilo. Por isso, será que estaremos a entrar numa nova era, em que as barreiras que limitavam a atribuição destes valores estão a cair? Será que já não existe tanto medo, receio ou pudor? E que comparação podemos estabelecer, a este nível, entre os nossos vinhos (cada vez mais bem classificados internamente) e os outros lá de fora? Ou tudo isto que está acontecer cá dentro, não é mais do que uma projecção do que está suceder, também lá fora?
Sei que durante anos, era muito mais fácil aceitar que um vinho generoso recebesse 19 valores, do que um vinho tranquilo. Por isso, será que estaremos a entrar numa nova era, em que as barreiras que limitavam a atribuição destes valores estão a cair? Será que já não existe tanto medo, receio ou pudor? E que comparação podemos estabelecer, a este nível, entre os nossos vinhos (cada vez mais bem classificados internamente) e os outros lá de fora? Ou tudo isto que está acontecer cá dentro, não é mais do que uma projecção do que está suceder, também lá fora?
Comentários
Sem dúvida, os vinhos citados são de grande estirpe. Mas este negócio das notas é mesmo controverso. Há um exagero global neste aspecto. A meu ver, revistas como a Decanter ou guias como o nosso sulamericano Descorchados, têm exagerado nelas. Na escala de 100 é comum vermos vinhos que não são excelentes ganharem 95 pontos (nota que para mim deveria ser apenas para vinhos de excelência). Aliás, penso que acima de 90 já deveria ser. Sinto que há algum tempo estão banalizando estas famigeradas notas, sempre tendendo a subí-las (principalmente quando tratam de vinhos que agradam mais o público em geral).
Abraços,
Flavio
Um forte abraço, Flávio!